Condenado
por abusar sexualmente e matar o adolescente Lucas Terra, em Salvador, o
ex-pastor Silvio Roberto Galiza, teve progressão de regime concedida nesta
sexta-feira (13) pela juíza Patrícia Sobral, da Vara de Execuções Penais de
Lauro de Freitas, na região metropolitana, onde o preso cumpria pena.
De acordo
com informações da assessoria da Secretária de Administração Penitenciária e
Ressocialização da Bahia (Seap), o interno cumpria pena em regime semiaberto e,
a partir de agora passa a cumprir pena no regime aberto, com o direito de sair
da Casa de Albergados e Egressos, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, de
segunda à sexta-feira durante o dia. Ainda segundo a Seap, Galiza deve dormir
todas as noites na unidade e não pode sair do local nos finais de semana.
Em
entrevista ao G1 nesta sexta-feira, o pai de Lucas Terra, Carlos Terra,
disse que recebeu a notícia da progressão de regime de Silvio Galiza com
surpresa. "É muita indignação, muita revolta que estou sentindo. Quero
perguntar ao presidente do Tribunal de Justiça da Bahia onde está o exame
criminológico do Galiza para estar livre para andar em Salvador agora, pegar
outras crianças, abusar, queimar... Estou revoltado, não tenho palavras para
dizer o que estou sentindo, isso é uma barbaridade", disse.
Lucas Terra tinha 14 anos quando foi abusado sexualmente e queimado vivo, em
março de 2001. Além de Silvio Galiza, que foi condenado a 18 anos de prisão
pela autoria do crime, a Justiça acusa também dois outros membros da Igreja
Universal do Reino de Deus de participação no assassinato da vítima. Eles ainda
não foram julgados. Galiza teve a pena reduzida para 15 anos de prisão.
O
promotor do caso, David Gallo, que participou do julgamento de Galiza e
acompanha o processo dos outros dois réus, também disse estar surpreso com a
notícia de progressão de regime do acusado nesta sexta. "É um direito dele
[Silvio Galiza]. É uma vergonha, mas está na lei. Agora ele está na rua, não
existe controle, é uma excrescência, ninguém cumpre pena nesse país. Tenho fé
que de que os outros dois réus vão a júri popular", afirmou ao G1.
O pai da
vítima, Carlos Terra, disse que acredita na condenação dos outros dois réus.
"Vou continuar lutando por isso. Essa decisão [da projeção de regime de
Silvio Galiza] toda foi feito por debaixo dos panos, perto de um final de
semana. São 11 anos de luta, vou pedir a revogação dessa liberdade, vou ao
Tribunal de Justiça, em Brasília, na ONU, para fora do país denunciar o Brasil
que mata, o país da impunidade. Como cidadão, como pai, eu não aceito isso. E
as ameaças que eu sofri esses anos todos, a minha família, não me conformo. Ele
[Silvio Galiza] recebeu um presente, brinde que deve ser comemorado com
champanhe francesa pelos assassinos", disse Carlos Terra.
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