“O Porto Sul é a certeza de que meu filho terá as oportunidades que eu
não tive por causa da crise do cacau”. Assim a estudante de Serviço Social em
Ilhéus, Kaline Viana, 27 anos, resumiu o sentimento de milhares de jovens de
todo o sul da Bahia.
Grávida de cinco meses, à espera de um menino, Kaline acredita que seu
primeiro filho vai nascer e crescer numa região com novas oportunidades, para
que os jovens não precisem emigrar para outras regiões, ou mesmo outros
estados, em busca de trabalho.
“O Porto Sul é a chance de uma vida melhor, e temos que nos capacitar
para esse novo momento e nos inserir no mercado de trabalho”, disse Kaline, que
defende que as empresas que se instalarão no sul da Bahia, além de valorizar a
mão de obra local, adotem a política do primeiro emprego para a juventude.
Investimento de R$ 3,5 bilhões do Estado, em parceria com a Bahia
Mineração, o Porto Sul está em fase de licenciamento ambiental pelo Ibama.
Obtida a licença ambiental, a previsão é de que as obras comecem ainda este ano,
com previsão de conclusão para 2014, juntamente com a Ferrovia Oeste-Leste.
Para o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de
Ilhéus, Dino Rocha, a população tem que apoiar iniciativas que trazem
desenvolvimento, como o Porto Sul, pela capacidade de atração de novos
empreendimentos e geração de empregos. “Não podemos depender apenas do setor
público”.
A prefeitura de Ilhéus, com cerca de seis mil servidores, entre
concursados e cargos de confiança, é a maior empregadora da cidade. “O futuro
de Ilhéus passa pelo Porto Sul”, destacou Dino.
A presidente do Sindicato dos Comerciários de Ilhéus, Crismélia Mali
Moreira da Silva, declarou que o setor emprega cerca de cinco mil pessoas, mas
no período de baixa estação o número de demissões é elevado. “O Porto Sul será benéfico
para o comércio, porque teremos um aquecimento da economia e movimento durante
todo o ano”.
Ela considera fundamental a realização de cursos de qualificação
profissional entre comerciários e prestadores de serviço e afirmou que o
sindicato pretende estabelecer parcerias com o Sesc. Senac e outras
instituições, “capacitando e valorizando a mão de obra regional”.
Emprego,
renda e qualidade de vida
Qualificação, inserção social e serviços públicos que atendam às novas
demandas oriundas do Porto Sul e também da Ferrovia Oeste-Leste. Essas são as
prioridades definidas pelo Comitê de Entidades
Sociais em Defesa de Ilhéus (Coeso).
O coordenador do conselho, Aldicemiro
Ferreira Duarte Luz, o Mirinho, ressaltou que o Porto Sul significa a
possibilidade concreta de revitalizar a economia sul-baiana.
Mirinho explicou que o Coeso tem atuado em parceria com o governo da
Bahia, responsável pelo porto público, e a Bamin, que vai operar um terminal
privativo para garantir que as pessoas que moram na área de influência do
projeto sejam inseridas nos programas de qualificação, através do
estabelecimento de cotas para cada comunidade.
Cuidado
com o meio ambiente
O presidente do Grupo de Resistência às Agressões ao Meio Ambiente
(Grama), Walmir do Carmo, acompanhou as sete audiências públicas do Ibama e do governo
da Bahia realizadas em Ilhéus, Uruçuca, Itacaré, Itabuna, Coaraci, Itajuípe e
Barro Preto, que reuniram 8,3 mil pessoas.
Segundo ele, as audiências serviram para detalhar o relatório de
impacto ambiental e o projeto do Porto Sul, “revelando a relação de
transparência do governo da Bahia e as preocupações com a redução dos impactos
à natureza”.
vdt/om 25.06.12