Nas primeiras horas da manhã, Marlene Silva Rocha, de 58 anos,
já está com a enxada na mão. A agricultora familiar limpa a horta, cultivada em
uma área de meio hectare, no município de Itajú do Colônia, no Sul da Bahia. A cena
se repete todos os dias, há cerca de dois anos, depois que ingressou no projeto
“Quintais Produtivos” da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A.
(EBDA), executado pelo Escritório Local de Ibicaraí, em parceria com a
prefeitura municipal.
Antes de participar do programa, Marlene vivia da pesca e conta,
emocionada, que enfrentava sérias dificuldades financeiras e até alimentícias:
“Minha vida era só sofrimento, às margens dos rios, pescando o que comer. Daqui
eu tiro o sustento da minha família”.
O projeto “Quintais Produtivos” é executado em uma área de quatro
hectares, dividida em lotes, e cedida pela prefeitura municipal. A EBDA
disponibiliza Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), capacitação e
disponibilização de mudas e sementes para agricultores urbanos e periurbanos. O
técnico da EBDA, responsável pela orientação técnica, Miranildo Góes, afirma
que o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) compra a maior parte da produção
desses agricultores. “Com essa iniciativa, os beneficiados puderam garantir o
sustento digno para a família e ainda têm a tranquilidade de comercialização do
excedente da produção”, enfatiza Góes.
Outro fator que impulsionou a comercialização de hortaliças foi
a crise do cacau na região do Sul da Bahia. As hortas, que eram cultivadas pela
figura feminina, nos quintais das casas da zona rural, apenas para consumo da
família, ganharam maior relevância e a produção das verduras passou a ser
comercializada para complementar a renda familiar.
No
município de Itapé, a 74 quilômetros de Itajú do Colônia, Denise Batista também
conseguiu oferecer uma melhor qualidade de vida para a família, por meio da
horticultura. Há 39 anos, a agricultora, o marido, e os dois filhos, produzem hortaliças.
Todos os produtos são comercializados em feiras livres de Itabuna. Com o
dinheiro das vendas a agricultora paga as parcelas da sua nova residência.
No
município de Itapitanga, a atividade também melhorou a renda financeira das três irmãs Maria Senhora dos Anjos, 53 anos, Vanuza dos
Anjos Freitas, que tem 36, e Patrícia dos Anjos Freitas, 30. Cada uma delas tem
uma horta, na Fazenda São José. A comercialização é realizada na Feira Livre do
município, em barraca administrada pela irmã mais velha. “A família lá em casa
é grande. São quatro filhos para dar comida, roupa, sapato e educação. A horta
me ajuda muito”, diz Vanuza,
A EBDA inseriu as irmãs no Programa Nacional de Alimentação Escolar
(Pnae) e a previsão é de que ainda no mês de março comecem a vender os produtos
oriundos da horta para prefeitura de Gongogi, município localizado a cerca de
20 quilômetros de Itapitanga. Os itens serão distribuídos nas escolas para a
alimentação de criança e jovens, durante a merenda escolar.
A agricultora familiar Zilma de Jesus, de 39 anos, mora com o
marido, José Elias e o filho Mateus, que tem cinco anos, na Fazenda Liberdade,
e também trabalha com horticultura.
“Todas as sextas-feiras eu vendo de porta em porta, as minhas hortaliças no
distrito de Poço Central, além de entregar para o PAA”, conta.
Para o técnico da EBDA e coordenador da cadeia produtiva da
horticultura, na Regional de Itabuna, Welligton Leite Medeiros, “a mulher
passou a desempenhar um papel fundamental, deixando de ser apenas dona-de-casa,
para ajudar no sustento das famílias da zona rural”.
EBDA/Assimp, 07/03/2012
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