A tradição secular dos Penitentes de Juazeiro, realizada a 111 anos na
cidade de Juazeiro, a 500
quilômetros de Salvador, pode receber a chancela de manifestação
cultural reconhecida oficialmente como Patrimônio Imaterial da Bahia. Para
isso, o primeiro passo é a criação de um dossiê que reúna documentos,
entrevistas, imagens, dados técnicos e análises de especialistas para mostrar e
comprovar a importância dessa manifestação cultural para o estado.
Os trabalhos já estão sendo finalizados pela
equipe multidisciplinar do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da
Bahia (Ipac), vinculado à Secretaria de Cultura do Estado (Secult), integrada
por sociólogos, historiadores, fotógrafos, videomakers, entre profissionais de
outras áreas do conhecimento.
Segundo o gerente de Patrimônio Imaterial do Ipac,
Roberto Pellegrino, o bem cultural imaterial pode ser protegido pelos poderes
públicos, sendo citado, inclusive, na Constituição Federal de 1988, no artigo
23, faz referência à identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade, “características que são imprescindíveis a uma nação”.
Os trabalhos que o Ipac faz para produzir um dossiê incluem
histórico da manifestação e da região com pesquisa qualitativa, estudos
antropológicos e documentais, bibliografia, entrevistas com integrantes da
manifestação e estudiosos, iconografia, estudos de economia da cultura e
suportes físicos como impressos e audiovisuais.
No caso dos Penitentes
de Juazeiro, o instituto optou pela pesquisa qualitativa na caracterização de
um conjunto de diferentes técnicas, que permitiram a interpretação dos
fenômenos, a atribuição de significados. Também foi feito um corte temporal do
final do século XIX aos dias atuais e um corte espacial da cidade de Juazeiro e
seu entorno.
Processo - Após a finalização, o dossiê é enviado para a
análise do Conselho Estadual de Cultura, que pode acatar ou não a sugestão de
registro de bem intangível do Ipac. Depois, o processo segue para o secretário
de Cultura e, por fim, chega ao governador, que terá a decisão final. Caso se
decida pelo decreto, o bem imaterial é inscrito no Livro do Registro Especial
dos Eventos e Celebrações da Bahia. Ao se tornar Patrimônio Imaterial, uma
manifestação cultural passa a ter prioridade nas linhas de financiamento
público no país ou no exterior.
Qualquer pessoa pode solicitar o registro de um bem
imaterial. Porém, terá muito mais respaldo, se mostrar a representatividade e
importância que a comunidade confere à manifestação cultural. “Recebemos muitas
demandas de registro das universidades, prefeituras, associações e outras
representações da sociedade”, diz Pellegrino.
Os interessados devem fazer um ofício esclarecendo o
pleito endereçado ao diretor-geral do Ipac (dados no site www.ipac.ba.gov.br), reunindo o maior
número possível de material sobre a manifestação.
01/03/12
Cãs/is
Nenhum comentário:
Postar um comentário