Ex-genro
de João Havelange, Teixeira assumiu a CBF em 16 de janeiro de 1989. Com ele no
comando, a Seleção conquistou duas Copas do Mundo (1994 e 2002), três Copas das
Confederações (1997, 2005 e 2009) e cinco Copas Américas (1989, 1997, 1999,
2004 e 2007). O dirigente também criou a Copa do Brasil (1989) e transformou o
Campeonato Brasileiro em disputa de pontos corridos, com turno e returno, a
partir de 2003. Sua maior vitória foi conquistada em 2007: liderou a
candidatura do Brasil para ser sede da Copa do Mundo de 2014 e, logo em
seguida, tornou-se presidente do Comitê Organizador Local (COL).
Antes do
carnaval, alguns jornais e sites brasileiros passaram a divulgar que Teixeira
deixaria o poder em breve. A esposa e a filha mais nova do dirigente viajaram
para Miami, assim como o dirigente, o que aumentou a especulação. As notícias
sobre a possível saída de Teixeira aumentaram com as denúncias da imprensa
internacional sobre o envolvimento dele em escândalos de corrupção da FIFA,
onde é membro do Comitê Executivo.
O nome de
Teixeira foi envolvido em uma denúncia da TV inglesa BBC, que apontou o
dirigente como um dos que teriam recebido comissões da agência de marketing ISL
(extinta em 2001 por falência). Por causa dessas relações, a ISL teria obtido
lucrativos contratos de patrocínio e de direitos de televisão com a FIFA. No
Brasil, a Polícia Federal chegou a instalar um inquérito para apurar a suposta
lavagem de dinheiro e evasão de divisas do presidente da CBF.
Desafeto
de Teixeira, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, prometeu em outubro do ano
passado que tornaria público os arquivos do "caso ISL". Contudo, por
questões legais, a promessa ainda não foi cumprida.
No
Brasil, o dirigente também virou alvo de acusações sobre o envolvimento com a
empresa Ailanto, responsável pela organização do amistoso em Brasília entre
Brasil e Portugal em 2008 e que recebeu R$ 9 milhões do governo do Distrito
Federal. A Polícia Civil da capital abriu inquérito para investigar suposto
desvio de dinheiro público. A Ailanto tem como sócio o presidente do Barcelona,
Sandro Rosell, um dos melhores amigos de Teixeira.
Confira a
linha do tempo da vida de Teixeira:
1947 –
Nasce no dia 20 de junho, na cidade de Carlos Chagas, em Minas Gerais.
Anos 50 –
Muda-se para o Rio de Janeiro, após ter sua criação iniciada em Belo Horizonte.
Estuda no colégio Santo Inácio. Defende a equipe de vôlei do Botafogo.
Anos 60 –
Ingressa na faculdade de Direito, que cursa até o quarto ano. Passa a trabalhar
no mercado financeiro. Conhece Lúcia Havelange, filha de João Havelange.
Anos 70 –
Casa com Lúcia Havelange, filha de João Havelange, ex-presidente da CBD e da FIFA.
Tem três filhos com ela.
1989 – Em
16 de janeiro, é eleito presidente da CBF. Na disputa, vence Nabi Abi Chedid,
ex-deputado estadual e presidente da Federação Paulista de Futebol. É o
sucessor de Octávio Pinto Guimarães na entidade. Recebe um órgão falido, às
vésperas da disputa de uma Copa do Mundo. Com Sebastião Lazaroni de técnico,
ganha a Copa América. Nasce a Copa do Brasil
1990 – Na
tentativa de dar saúde financeira à CBF, investe em contrato de patrocínio com
a Pepsi e mantém a Topper, que vestiu a Seleção nas Copa de 1982 e 1986. Vê
nascer uma crise: em foto oficial, jogadores tampam a marca da fábrica de
refrigerantes. Na Copa do Mundo, Seleção tem campanha medíocre: é eliminada
pela Argentina nas oitavas de final.
1991 –
Aposta em Paulo Roberto Falcão como treinador da Seleção. Resultados não são
bons, e Teixeira logo muda a escolha para Carlos Alberto Parreira. Brasil fica
na segunda colocação na Copa América.
1992 –
Toma posse em segundo mandato na CBF.
1994 –
Aposta de Teixeira em Parreira dá certo, e Brasil é campeão do mundo nos
Estados Unidos. Com cinco anos no comando da CBF, dirigente faz futebol
brasileiro quebrar jejum de 24 anos. No retorno da delegação, se envolve em uma
polêmica. É acusado de forçar a liberação da mercadoria trazida do exterior sem
pagamento de impostos, em avião lotado de eletrodomésticos e aparelhos
eletrônicos. Nega que tenha trazido três chopeiras na bagagem para um
restaurante que possui no Rio de Janeiro (o processo foi arquivado dezessete
anos depois de iniciado).
1995 – Já
com Zagallo de técnico, vê o Brasil ser vice-campeão da Copa América.
1997 –
Separa-se de Lúcia Havelange. Automaticamente, vê a relação com o pai dela
interrompida. Tem relacionamento com a socialite Narcisa Tamborideguy. Assina
contrato de patrocínio com a Nike, que tinha como diretor o atual presidente do
Barcelona, Sandro Rosell. Afasta Ives Mendes, então presidente da Comissão
Nacional de Arbitragem, acusado de corrupção.
1998 –
Volta a ver o Brasil em uma final de Copa do Mundo, mas desta vez com derrota.
Após convulsão de Ronaldo, Seleção leva 3 a 0 da França. Vanderlei Luxemburgo é
escolhido como novo treinador. Teixeira tem trégua na relação com Zico,
convidado para chefiar a delegação no Mundial. Ao cavalgar, sofre acidente,
passa por operação e recebe uma placa de ferro na perna.
1999 –
Aumenta o número de participantes da Copa do Brasil. Recebe homenagem da CBF, mas
sem a presença de Havelange, ainda distante dele. Vê Brasil ser campeão da Copa
América.
2000 –
Treinado por Luxa, Brasil cai para Camarões nas Olimpíadas. Treinador se
envolve em polêmicas fora de campo e é demitido por Teixeira. Aposta em Emerson
Leão como sucessor.
2001 – É
um dos alvos da CPI do Futebol, no Senado, e da CPI da Nike, na Câmara dos
Deputados. Aposta em Luiz Felipe Scolari como treinador da Seleção. CPI do
Senado pede indiciamento de Teixeira por evasão de divisas, sonegação fiscal,
lavagem de dinheiro e apropriação indébita. Justiça abre processos, e dirigente
é absolvido das acusações.
2002 –
Brasil é campeão invicto da Copa do Mundo.
2003 –
Campeonato Brasileiro passa a ser disputado em pontos corridos. Carlos Alberto
Parreira é confirmado como novo técnico da Seleção. Brasil cai na primeira fase
da Copa das Confederações. Teixeira casa com Ana Carolina Wigand, 30 anos mais
jovem que ele.
2004 –
Seleção Brasileira vai jogar no Haiti. Ação aproxima Ricardo Teixeira de Luiz
Inácio Lula da Silva, então presidente da República. Equipe nacional é campeã
da Copa América, com vitória sobre a Argentina nos pênaltis.
2005 –
Campeonato Brasileiro vive escândalo na arbitragem, com 11 jogos anulados após
a descoberta de esquema de apostas envolvendo o árbitro Edílson Pereira de
Carvalho. CBF deixa situação a cargo do STJD. Corinthians é campeão, e Inter
ameaça levar o caso à Fifa, mas, nos bastidores, é convencido a desistir.
Seleção é campeã da Copa das Confederações, goleando a Argentina na final.
2006 –
Brasil fracassa na Copa do Mundo da Alemanha. Com atletas acima do peso e festa
da torcida na preparação em Wegis, na Suíça, sonho do hexa termina nas quartas
de final, com nova derrota para a França. Carlos Alberto Parreira deixa o
comando da equipe, e Teixeira aposta em Dunga para mudar a imagem da Seleção.
2007 –
Brasil é confirmado como país-sede da Copa do Mundo de 2014.
2009 – É
acusado de envolvimento em irregularidades no amistoso entre Brasil e Portugal,
no Distrito Federal, um ano antes. A Ailanto, uma das empresas envolvidas no
evento, é acusada de superfaturamento. Ela pertence a Sandro Rosell, o
presidente do Barcelona, ex-diretor da Nike e amigo pessoal de Teixeira.
Seleção conquista a Copa das Confederações.
2010 –
Brasil cai para a Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo da África do
Sul. Incomodado com a postura de Dunga, mais fechado do que os treinadores
anteriores, Teixeira decide mudar novamente o comando da Seleção. Tenta Muricy
Ramalho, que fica no Fluminense, e então aposta em Mano Menezes. CBF reconhece
títulos da Taça Brasil e do Robertão como conquistas de mesmo peso do
Campeonato Brasileiro.
2011 –
Emissora britânica BBC acusa Ricardo Teixeira de receber propina da ISL,
empresa de marketing já falida. Dirigente rebate acusações. Ronaldo Nazário é
convidado para integrar o Comitê Organizador Local da Copa de 2014 (COL), no
qual Joana Havelange, filha do presidente da CBF, é diretora-executiva.
Teixeira é internado, como consequência de uma diverticulite – inflamação no intestino
grosso. Entrevista à revista Piauí gera polêmica por causa de declarações sobre
imprensa e desafetos. Em dezembro, Joseph Blatter, presidente da Fifa, anuncia
que o brasileiro pediu licença do Comitê Executivo da Fifa e do COL.
2012 -
Secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke viaja ao Brasil para visitar algumas
obras de 2014. Aldo Rebelo, ministro do Esporte, e Ronaldo acompanham o
francês, mas Teixeira não aparece. Esposa e filha se mudam para Miami e parte
da imprensa passa a noticiar sua saída da CBF. Após licença médica anunciada no
9 de março, dirigente deixa as presidências da CBF e do COL três dias depois.
G1-RJ.
Por Felippe
Costa e Márcio Iannacca
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