Nasceu na manhã desta segunda-feira (23), no Hospital Português, o bebê que havia sido submetido à primeira cirurgia fetal endoscópica guiada por ultrassonografia realizada na Bahia. A cirurgia, realizada em dezembro do ano passado, na Maternidade Albert Sabin, teve o objetivo de corrigir uma má formação do bebê, por meio da inserção de um balão endotraqueal, guiado por ultrassonografia, permitindo o desenvolvimento pulmonar do bebê ainda intra-útero.
O médico ultrassonagrafista Sérgio Mattos, que integra a equipe da Maternidade Albert Sabin, unidade da rede estadual de saúde, explica que uma segunda cirurgia fetal estava prevista para acontecer no oitavo mês de gestação, mas o bebê nasceu prematuramente, com 32 semanas e quatro dias de gestação, tornando necessário antecipar a cirurgia. Ainda segundo o ultrassonografista, o secretário da Saúde do Estado, Jorge Solla, viabilizou a realização do parto no Hospital Português, unidade melhor equipada para esse tipo de procedimento.
A cirurgia fetal que seria feita no oitavo mês de gestação foi realizada durante o parto, antes da retirada do recém-nascido (no chamado periparto), pelo médico Fábio Peralta, da Universidade de Campinas (Unicamp), especialista em medicina fetal e cirurgia fetal endoscópica, pelo ultrassonografista Sérgio Matos e pelo obstetra Leomar Lírio, coordenador de Obstetrícia do Hospital Português.
O bebê, que nasceu pesando 1,630 kg , está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital Português, respirando por meio de aparelhos.
Pioneirismo - A diretora da Maternidade Albert Sabin, Rita Leal, destaca a importância do apoio dado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) para a realização das cirurgias fetais, lembrando que a Superintendência de Regulação e Gestão da Saúde (Suregs) foi responsável pela articulação e viabilização da vinda do especialista da Unicamp para Salvador.
O médico Sérgio Matos revela que a hérnia diafragmática do bebê foi diagnosticada durante consulta pré-natal realizada na maternidade e que, devido à gravidade do caso, era necessária a intervenção cirúrgica, ainda intra-útero. “A hérnia faz com que o fígado e estômago se desloquem para o tórax, comprimindo o pulmão do feto, que deixa de se desenvolver normalmente”, conta o ultrassonografista.
Ainda segundo o médico, nesse tipo de má formação a chance de morte do bebê no nascimento, mesmo nos centros mais desenvolvidos, é de 70% a 80%, por causa da compressão do pulmão. O primeiro procedimento cirúrgico fetal endoscópico, de inserção de balão endotraqueal guiado por ultrassonografia, foi feito no dia 23 de dezembro do ano passado, permitindo o desenvolvimento pulmonar do bebê ainda intra-útero e minimizando os riscos de óbito.
No oitavo mês de gravidez deveria ser feito outro procedimento cirúrgico intra-uterino, para retirada do balão, o que foi feito ontem, durante o parto. A correção definitiva do problema requer mais uma cirurgia, que só poderá ser feita após a recuperação do recém-nascido.
Sas/rr
23.1.12
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