Montevidéu,
3 mai (EFE).- Ativistas, consumidores e amigos da causa pela legalização da
maconha no Uruguai exibiram neste sábado com orgulho sua primeira maconha
'liberada' em um mundo de 'proibição', apenas um dia depois que o Governo
apresentou a regulação da lei que legalizou sua produção e venda no país.
Centenas de
pessoas se reuniram em um parque da capital uruguaia para festejar com música,
tortas fritas - a comida predileta dos uruguaios em eventos públicos - e muita
maconha esta regulação, assim como o 'exemplo' de que seu país pode dar ao
mundo quanto a liberdades públicas.
'Parece-me
que humildemente o Uruguai pode ser um exemplo a seguir para o resto do mundo,
e mostrar que se pode ter certa liberdade e que a sociedade pode conduzir as
coisas bem. E que não tem que haver proibições sobre algo que não é tão nocivo
nem prejudicial como querem fazer parecer', disse à Agência Efe o músico Enzo
Broglia, cuja banda Reytoro foi uma das que animou o encontro.
A mobilização
aconteceu no marco da 'Global Marijuana March', um evento simultâneo em 300
cidades de todo o mundo para pedir a legalização desta droga e que, no Uruguai,
se transformou na primeira Marcha Mundial da Maconha Regularizada.
Broglia disse
que, como ativista, a regularização do mercado da maconha em seu país 'é um
triunfo' não só para o Uruguai mas 'para todo o mundo', que mostra, além disso,
que a 'sociedade vai mudando' e aprendendo a 'desfrutar da liberdade'.
Do mesmo modo
se expressou Federico Marín, porta-voz do Movimento pela Liberalização da
Cannabis, entidade organizadora do encontro, que ressaltou a 'vitória' do
Uruguai na 'guerra ao narcotráfico'.
'Ainda resta
muito a fazer, mas aqui hoje a maconha é legal e nos cabe agora fazer com que
funcione. Esta gente está vindo aqui com a primeira maconha que cultivaram
legalmente. E isso diretamente repercute no narcotráfico. Cada flor que cresce
em uma varanda, são dólares menos que repercutem no narcotráfico', declarou
Marín.
Neste
sentido, o ativista se referiu à direção assinalada na regulamentação da lei
que legalizou a compra e venda da maconha, a qual estabelece um preço de entre
20 e 22 pesos por grama (pouco menos de um dólar) para a venda legal da droga
em farmácias.
'Primeiro,
agora podemos produzir pessoalmente nossa própria maconha sem financiar o crime
organizado. E segundo, o dinheiro que será pago nas farmácias, que é o mesmo
que se paga pela maconha ilegal, irá para o Estado para oferecer serviços e
informação aos viciados em qualquer substância', acrescentou Marín.
A legislação
uruguaia, aprovada no mês passado de dezembro pelo parlamento e cuja
regulamentação, que entrará em vigor na próxima terça-feira, foi divulgada na
sexta-feira pelo Governo, estabelece três formas legais para ter acesso à
maconha: a produção doméstica de até seis plantas por casa, se tornar sócio de
um clube de cultivo ou comprá-la em farmácias autorizadas.
Para usar
essas opções, os usuários deverão escolher uma delas e se inscrever no cartório
correspondente.
Tudo será
controlado pelo Instituto de Regulação e Controle da Cannabis.
Enquanto os
participantes do evento desfrutavam de sua maconha, as autoridades instalaram
uma tenda do programa 'Com o máximo cuidado', uma iniciativa da Junta Nacional
de Drogas (JND), uma ONG e a secretaria da juventude da Intendência Municipal
de Montevidéu para alertar sobre os perigos do uso de drogas.
Victoria
González, socióloga da JND, explicou à Efe que o tempo todo do desenvolvimento
desta inovadora legislação as autoridades uruguaias estão insistindo em que
todas as drogas são perigosas e que o objetivo é informar sobre o consumo
responsável.
'O Uruguai
está na luta contra a incoerência de quem que no uso de seus direitos decidia
consumir, mas por isso deviam se vincular a um mercado sem garantias de saúde
pública. E também, de forma paralela, mostrar que o consumo de drogas tem
riscos. Todo consumo. Por isso estamos aqui', concluiu.
Copyright (c)
Agencia EFE, S.A. 2010, todos os direitos reservados
Nenhum comentário:
Postar um comentário