Brasília - O
Grupo Antibomba da Polícia Federal fez nesta sexta-feira, 24, operação num
prédio da Asa Norte, área nobre de Brasília. Os agentes vasculharam o
apartamento de um advogado que atua em defesa das comunidades muçulmanas no
Brasil. Conforme agentes a par das investigações, a ação, que mobiliza setores
de inteligência da PF, apura suspeitas de terrorismo.
Homens
encapuzados, do Comando de Ações Táticas (COT) da PF, fizeram buscas no imóvel
com a ajuda de um cão farejador, a partir das 8h. No apartamento, moram o
advogado Marcelo Salahuddin Bulhões dos Santos, a mulher dele, de origem
iraniana, e um filho de colo.
Por volta
das 10h, um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi chamado ao
local para acompanhar as buscas. Ele foi acionado porque ali funciona também o
escritório do advogado. Por lei, ações nesses locais têm de ser acompanhadas pela
entidade.
Ao sair do
local no início da tarde, o procurador Mauro Lustosa, da Comissão de
Prerrogativas da OAB, explicou que os policiais tinham em mãos um mandado para
apreensão de documentos. A suspeita, explicou, é de que o advogado guardava no
local papeis falsos.
Por volta
das 14h, a equipe do COT deixou o imóvel com três malotes de documentos. O
advogado foi intimado e terá de comparecer à PF para prestar depoimento.
Ao Estado,
agentes da PF explicaram que a legislação brasileira não tipifica o crime de
terrorismo. Por isso, nas investigações que envolvem suspeitas desse tipo de
prática, são apontados delitos previstos no Código Penal Brasileiro.
Marcelo e a
mulher moram no apartamento há cerca de um ano, segundo vizinhos. Os dois são
da religião muçulmana.
Em 2013, num
documento enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem no
Senado, o advogado denunciou supostos excessos de serviços secretos contra
cidadãos de origem ou que professam a fé islâmica.
"Há
fortes indícios de que vários cidadãos brasileiros de origem árabe e/ou de
confissão islâmica tenham sido objetos de investigação por parte de serviços de
inteligência nacionais e estrangeiros, sendo que nem sempre haveria motivo
plausível para tal", escreveu, em setembro daquele ano, num ofício
endereçado à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
O advogado
entregou um pacote de documentos à CPI, entre os quais relatórios de órgãos
americanos sobre a atividade de cidadãos muçulmanos. No comunicado, ele se
intitula ex-servidor da Polícia Federal e explica que em diversas ocasiões
presenciou a "interferência" de serviços estrangeiros na atuação de
órgãos do governo federal - no entanto, não deu exemplos. "Posso destacar
o Departamento de Polícia Federal", afirmou.
O Estado não conseguiu contato
com o advogado nesta sexta.
Alerta Com a
proximidade das Olimpíadas de 2016, o Brasil reforçou o alerta contra o
terrorismo. Há um mês, o Estado revelou que dois órgãos de inteligência do
governo elaboraram relatórios apontando tentativas de o Estado Islâmico cooptar
brasileiros para sua causa.
Fonte:
MSN NOTÍCIAS- ESTADÃO
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