Segundo a PGR, havia indícios suficientes para a abertura do
inquérito que deverá concluir se Anastasia foi ou não beneficiado pelo esquema
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Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) pediu ao STF (Supremo Tribunal
Federal) que arquive sem aprofundar investigações o inquérito que o ministro
Teori Zavascki determinou que fosse aberto no último dia 6 de março a pedido da
PGR (Procuradoria Geral da República).
Segundo a
PGR, havia indícios suficientes para a abertura do inquérito que deverá
concluir se Anastasia foi ou não beneficiado pelo esquema de desvio de recursos
montado na Petrobras.
Um entregador
de dinheiro controlado pelo doleiro Alberto Youssef, o agente de Polícia
Federal Jayme de Oliveira Filho, o "Careca", disse no ano passado à
força tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba (PR), que no ano de 2010
entregou uma mala com dinheiro a mando de Youssef em Belo Horizonte (MG). Ao
ver uma fotografia do senador tucano, que lhe foi apresentada pela PF, o agente
disse que a pessoa da foto era "muito parecida" com "a que
recebeu a mala enviada por Youssef".
Oliveira
Júnior disse ainda que, após a entrega do dinheiro, observando os resultados
eleitorais, concluiu que "o candidato que ganhou a eleição em Minas Gerais
era a pessoa para quem" ele levou o dinheiro.
Por outro
lado, Youssef, em depoimento, afirmou que "nunca disse para entregar valores
para Anastasia especificamente". Também negou conhecer Antonio Anastasia.
Caso o
ministro Zavascki recuse acolher o pedido de arquivamento, Anastasia solicitou
que seu recurso seja julgado pela segunda turma do tribunal, formada por cinco
ministros. O pedido foi protocolado pelos advogados Maurício de Oliveira Campos
Júnior, que foi secretário no governo de Minas Gerais, e Eugênio Pacelli de
Oliveira.
Sobre as
suspeitas levantadas por "Careca", Anastasia chamou de
"inespecífica afirmação feita por pessoa destituída de mínima
credibilidade". Afirmou ainda que a simples abertura do inquérito sobre
Anastasia "é constrangimento enorme, que não será remediado pela
constatação, sempre tardia, de que os fatos que a ensejaram jamais poderiam
tê-la justificado".
Os defensores
do senador afirmaram ainda que a suspeita é "baseada em solitário e vazio
depoimento".
Na petição
que enviou ao STF no último dia 3 de março, o procurador-geral da República
Rodrigo Janot afirmou que "os elementos indicam que ao menos deve-se
aprofundar as investigações, para se confirmar ou não a entrega das quantias,
assim como confirmar ou descartar o envolvimento dos parlamentares
envolvidos".
Segundo a
PGR, as investigações confirmaram "ao menos duas entregas [de dinheiro] em
Minas Gerais", no dia 9 de maio, no valor de R$ 600 mil, e 13 de junho, no
valor de R$ 270,4 mil.
Janot
defendeu ser "necessária a instauração de inquérito para aprofundar a
investigação dos fatos".
"Embora
Alberto Youssef tenha negado que tivesse determinado a entrega especificamente
para o atual senador Anastasia, confirmou que diversas empresas pediram a
entrega de valores em Minas Gerais, decorrentes de 'caixa dois', e que eram
indicados apenas o endereço e valor. Confirmou, ainda, que Jayme fez entregas,
por sua ordem, a pessoa em Minas Gerais", informou a PGR ao STF.
Para a defesa
do senador, "pouco importa se 'Careca' esteve em Belo Horizonte para
entrega de valor a alguém em 2010, não foi a Anastasia, então governador de
Minas em exercício e candidato à reeleição, cuja notoriedade não admitiria
dúvida até mesmo a quem não participasse do esquema de financiamento de
campanha eleitoral, que dirá a um agente federal em desvio de conduta".
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