Fonte: O Globo G1 Bahia-
Claudio Vieira de Oliveira, morador de Monte Santo, sertão da Bahia,
convive há 38 anos com doença rara, que nunca quis saber qual é. Ele tem as
pernas atrofiadas, os braços colados no peitoral e a cabeça virada para trás,
sustentada pelas costas. Para quem o vê, parece que ele enxerga tudo de cabeça
para baixo e que tem dificuldade em comer, beber ou respirar. Mas não. Ele
garante que é saudável e que todo funcionamento do organismo acontece de modo
padrão.
Em conversa com o G1, nesta segunda-feira (1°), Oliveira, que dá palestras
motivacionais há mais de 10 anos, confessa que a única pessoa que consegue, por
segundos, erguer a cabeça é seu cabelereiro.
Ele garante
que vê como se tivesse a cabeça na posição normal. "Eu não enxergo nada de
cabeça para baixo. Eu brinco que o mundo é que está de cabeça para baixo. Eu
enxergo tudo normal. Inclusive, se alguém me dar algo pra eu ler, a pessoa vira
o objeto de cabeça para baixo e eu desviro. Eu leio normal. É apenas a posição
da cabeça”, garante.
Ele nasceu no
dia 1º de abril de 1976, na casa dos pais e, desde então, só vai aos médicos
para exames de rotina. “Naquela época, não se tinha recursos. Minha mãe nunca
tinha feito pré-natal. Mas a gravidez foi normal e eu tenho cinco irmãos. O
próprio médico afirmou que eu não sobreviveria nem por 24 horas. Ele se
enganou, foi diferente e hoje tenho 38 anos. Não foi fácil, porque o caso é
raro, mas minha mãe e meus irmãos sempre me trataram de forma normal. Com o
passar dos anos, passei a me adaptar”.
Ele relembra
que começou a se acostumar com sua forma física, de fato, aos sete anos. Nessa
época, deixou de andar de forma rastejante para transitar de joelhos, como
acontece até hoje. Se o piso for desconfortável, Claudio Vieira usa uma
sandália adquirida pelo Sarah Kubitschek, em Salvador.
A história
ganhou maior repercussão essa semana, quando foi contada em diversos veículos
de imprensa internacional, como no Daily Mirror, Daily Mail e Metro. O baiano
recebeu uma equipe de jornalistas de Londres, no ano passado. Foi quando ficou
sabendo que a anomalia se chama artrogripose múltipla congênita (AMC). “Foi o
primeiro diagnóstico que eu tive. Nasci dessa forma, dessa forma vou ficar. As
pessoas me perguntam o que é, mas não tenho resposta para dar. É um mistério
mesmo”, disse.
Ler e escrever aprendeu em casa, depois de pedir à mãe. A vontade surgiu ao observar a rotina dos irmãos indo à escola. “Ela tinha medo de sofrer preconceito e conseguiu uma professora para me dar aula particular. Depois, eu mesmo comecei com o lápis com a boca e comecei a rabiscar. Passei a me aperfeiçoar a escrever com a boca”, afirma. Com cinco mil amigos no Facebook, por exemplo, Claudio é um usuário ativo da internet. Para isso, ele deita na cama e digita com a caneta. Quanto mouse, manuseia com o queixo. Com dependência parcial, ele também não precisa de ajuda para falar ao telefone ou se alimentar. Inclusive, lançou um DVD sobre a sua história e foi ele quem fez o design gráfico da capa. “Eu me adaptei tanto que não não percebo que sou uma pessoa portadora de necessidades especiais. Não tenho preconceito comigo mesmo. Sei de relatos de pessoas que têm deficiência física que se esquivam bastante, a própria família se fecha. Minha mãe foi diferente. Sempre me liberou a ter convívio com social, sair com amigos, eu vou a festa, principalmente as de largo”, comenta.
Ler e escrever aprendeu em casa, depois de pedir à mãe. A vontade surgiu ao observar a rotina dos irmãos indo à escola. “Ela tinha medo de sofrer preconceito e conseguiu uma professora para me dar aula particular. Depois, eu mesmo comecei com o lápis com a boca e comecei a rabiscar. Passei a me aperfeiçoar a escrever com a boca”, afirma. Com cinco mil amigos no Facebook, por exemplo, Claudio é um usuário ativo da internet. Para isso, ele deita na cama e digita com a caneta. Quanto mouse, manuseia com o queixo. Com dependência parcial, ele também não precisa de ajuda para falar ao telefone ou se alimentar. Inclusive, lançou um DVD sobre a sua história e foi ele quem fez o design gráfico da capa. “Eu me adaptei tanto que não não percebo que sou uma pessoa portadora de necessidades especiais. Não tenho preconceito comigo mesmo. Sei de relatos de pessoas que têm deficiência física que se esquivam bastante, a própria família se fecha. Minha mãe foi diferente. Sempre me liberou a ter convívio com social, sair com amigos, eu vou a festa, principalmente as de largo”, comenta.
Em 2000,
passou a dar depoimentos em igrejas, a convite de amigos, e tomou o gosto para
fazer palestras motivacionais. “É a minha forma de sobrevivência. Sou de uma
família humilde, mas estruturada. Eu pretendo ter uma vida bem melhor através
do meu trabalho. Meu sonho é conseguir ter uma vida confortável. Se eu parar no
tempo, com a idade, vou ficar limitado e não quero aumentar a minha limitação.
Não tenho o que me queixar ou me lamentar”, afirma.
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