A bordo do ônibus "Circuladô de
Mulé" Intersubjetividades em Trânsito, 41 agricultoras do sul baiano
ganharam mais ânimo e determinação para lutar por uma vida melhor. Durante três
dias, mulheres dos municípios de Arataca,
Pau Brasil, Ibicaraí, Buararema, Uruçuca e Itabuna, tiveram a oportunidade de
conhecer experiências bem-sucedidas de projetos de cozinhas comunitárias,
localizadas em comunidades da Chapada Diamantina.
Foram visitados os projetos das
comunidades de Morrinho de Baixo, Arsênio, Mundo Novo, Quixaba, Pocinho e
Cercado, e a cada quilômetro percorrido
pelo "Circuladô de Mulé", as agricultoras ganhavam mais
força e vontade de vencer. Muitas mais que o incentivo de conquistar uma fonte
de renda, as produtoras encontraram um espaço de diálogo e troca de
experiências.
A coordenadora da Cozinha Comunitária de Pocinho, Eva Rosa de Souza, de 30 anos, explicou que eles trabalharam duro para conquistar o que tem hoje. “Trabalhamos dentro de uma casa alugada, improvisamos. No começo cada um trazia alguma coisa de casa, uma panela, uma colher, um pano de prato. Vendíamos na própria comunidade, nas feiras e depois começamos a correr atrás das políticas públicas para ajudar no nosso crescimento. Hoje fornecemos para a merenda escolar e sempre temos grandes encomendas”.
Segundo Maria de
Lourdes, a ideia foi promover um choque de cultura e aprender como se gere um
empreendimento coletivo. “Resolvemos deslocá-las da Região Sul para a Chapada
para que elas percebessem a diferença do ecossistema e ver que, apesar
das dificuldades que essas mulheres enfrentam com tanta seca, existem
empreendimentos que deram certo. As mulheres do sul baiano tem todo o
potencial, mas não aproveitam”.
A agricultora de Ibicaraí Ivanete Farias dos Santos, de 54 anos, afirma que a experiência foi enriquecedora. “Dá até um pouco de vergonha, pois estamos vendo que além das dificuldades semelhantes a de todas nós, elas ainda tem problema com o clima e, quanto a isso, somos muito abençoadas já que nossa região chove bastante e a terra dá de tudo”.
Ivanete conta ainda
que ela e mais cinco mulheres já trabalham com produtos derivados do aipim, mas
vendem apenas pequena quantidade em feiras próximas. “Uma vez tivemos uma
grande encomenda, mas depois nos acomodamos e estagnamos. Essa visita nos
incentivou a ter mais garra. Vamos formar um grupo forte de mulheres e também
seremos bem-sucedidas”.
Para Maria do Carmo Tourinho, de 55 anos, produtora rural de Buerarema, todas as participantes aprenderam uma grande lição. “Somos nós que temos que correr atrás dos nossos objetivos”. Ela disse também que sempre existiu uma dificuldade da comunidade de saber como ter acesso as políticas públicas e que a CAR trouxe esse conhecimento.
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