2 de novembro de 2012

Mulheres do sul baiano visitam cozinhas comunitárias da Chapada Diamantina


A bordo do ônibus "Circuladô de Mulé" Intersubjetividades em Trânsito, 41 agricultoras do sul baiano ganharam mais ânimo e determinação para lutar por uma vida melhor. Durante três dias, mulheres dos municípios de Arataca, Pau Brasil, Ibicaraí, Buararema, Uruçuca e Itabuna, tiveram a oportunidade de conhecer experiências bem-sucedidas de projetos de cozinhas comunitárias, localizadas em comunidades da Chapada Diamantina.

Foram visitados os projetos das comunidades de Morrinho de Baixo, Arsênio, Mundo Novo, Quixaba, Pocinho e Cercado, e a cada quilômetro percorrido pelo "Circuladô de Mulé", as agricultoras ganhavam mais força e vontade de vencer. Muitas mais que o incentivo de conquistar uma fonte de renda, as produtoras encontraram um espaço de diálogo e troca de experiências.

 
Promovida pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir), no âmbito no programa estadual Vida Melhor, a ação contou com o apoio da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA).

 
A iniciativa  surgiu da necessidade de mostrar às comunidades o modo como podem evoluir e trabalhar suas potencialidades, tendo como base projetos já apoiados pela empresa, por meio das associações comunitárias, e que têm conseguido se consolidar.

 
O ponto alto do encontro foi na comunidade de Pocinho, no município de Souto Soares, a 477 quilômetros de Salvador, onde a mandioca deu lugar a bolos, bolochas e beijus, e se tornou a fonte de renda para 52 pessoas que fazem parte da Associação Comunitária de Pocinho. Uma experiência que deu certo e é a fonte de sustento para os associados. Mas para chegar até o ‘sucesso’ não foi fácil.


A coordenadora da Cozinha Comunitária de Pocinho, Eva Rosa de Souza, de 30 anos, explicou que eles trabalharam duro para conquistar o que tem hoje.  “Trabalhamos dentro de uma casa alugada, improvisamos. No começo cada um trazia alguma coisa de casa, uma panela, uma colher, um pano de prato. Vendíamos na própria comunidade, nas feiras e depois começamos a correr atrás das políticas públicas para ajudar no nosso crescimento. Hoje fornecemos para a merenda escolar e sempre temos grandes encomendas”.

 De acordo com a coordenadora da ação e técnica da CAR, Maria de Lourdes Schefler, a visita faz parte de um processo de trabalho que foi iniciado na região sul, que tem como meta desenvolver atividades que possam gerar renda. “Tivemos reuniões e promovemos oficinas de diagnóstico com as comunidades, daí surgiu a proposta da instalação de unidades de processamento ou cozinhas comunitárias, mas o que já existe na região tem um funcionamento ruim”, disse.

Segundo Maria de Lourdes, a ideia foi promover um choque de cultura e aprender como se gere um empreendimento coletivo. “Resolvemos deslocá-las da Região Sul para a Chapada para que elas percebessem  a diferença do ecossistema e ver que, apesar das dificuldades que essas mulheres enfrentam com tanta seca, existem empreendimentos que deram certo. As mulheres do sul baiano tem todo o potencial, mas não aproveitam”.


A agricultora de Ibicaraí Ivanete Farias dos Santos, de 54 anos, afirma que a experiência foi enriquecedora. “Dá até um pouco de vergonha, pois estamos vendo que além das dificuldades semelhantes a de todas nós, elas ainda tem problema com o clima e, quanto a isso, somos muito abençoadas já que nossa região chove bastante e a terra dá de tudo”.

Ivanete conta ainda que ela e mais cinco mulheres já trabalham com produtos derivados do aipim, mas vendem apenas pequena quantidade em feiras próximas. “Uma vez tivemos uma grande encomenda, mas depois nos acomodamos e estagnamos. Essa visita nos incentivou a ter mais garra. Vamos formar um grupo forte de mulheres e também seremos bem-sucedidas”.


Para Maria do Carmo Tourinho, de 55 anos, produtora rural de Buerarema, todas as participantes aprenderam uma grande lição. “Somos nós que temos que correr atrás dos nossos objetivos”. Ela disse também que sempre existiu uma dificuldade da comunidade de saber como ter acesso as políticas públicas e que a CAR trouxe esse conhecimento.



 
Karoline Meira

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