29 de março de 2014

Salvador cresceu e ficou moderna sem perder o valor de sua história



Primeira capital do Brasil comemora 465 anos neste sábado planejando seu futuro.

Com o aspecto de metrópole moderna ressaltado por imagens arrojadas de construções que contornam principalmente a orla oceânica, Salvador surpreende ao completar 465 anos como uma cidade pulsante. Com três milhões de habitantes, é um grande centro urbano que está entre os três maiores do país, e também no ranking das maiores cidade do mundo. Mas tem a vantagem de não perder a fama de cidade histórica e não ofuscar o conjunto de monumentos (Pelourinho) que lhe conferiram o titulo de “Patrimônio Cultural da Humanidade”, concedido pela Unesco em 1985.


De acordo com o documento “Perspectivas do relatório mundial de urbanização”, publicado pela Organização das Nações Unidas em 2011, Salvador aparece como a 81ª cidade do planeta, com população metropolitana de 3,9 milhões. Em números atualizados para 2013, a população da região metropolitana de Salvador ultrapassa 4,3 milhões de habitantes.

Como centro econômico, Salvador se destaca por concentrar quase um quarto de todas as riquezas geradas na Bahia, com o PIB de cerca de R$ 39 bilhões, de acordo com os últimos dados divulgados pelo IBGE que correspondem ao levantamento para o ano de 2011. Isso não leva em conta os PIBs dos municípios da Região Metropolitana de Salvador que garantem projeção econômica em função da proximidade com a capital.  

Urbanismo e Renascimento - A combinação de modernidade e de história permite outros destaques para a capital baiana no Brasil e no mundo. Afinal, a criação de Salvador, em 1549, como uma cidade planejada para ser capital do Brasil, ultrapassa a importância de um feito apenas nacional. Para os pesquisadores, é um dos momentos marcantes na história do urbanismo moderno, por se tratar de uma das primeiras cidades planejadas na época do Renascimento.

Para construir Salvador, o Rei D. João III mobilizou uma estrutura logística que teria destaque mesmo se acontecesse hoje. Vieram mais de um mil funcionários para estruturar a cidade fortaleza e um contingente de 600 soldados para garantir a defesa. A comitiva saiu de Portugal em primeiro de fevereiro de 1549 e, antes de completar dois meses, desembarcou na Barra em 29 de março, data oficial de fundação da cidade. No local existia desde 1535 a Vila do Pereira, criada por Francisco Pereira Coutinho, donatário da Capitania Hereditária da Baía de Todos os Santos.

Evolução da metrópole - Circulando hoje pela capital, é possível identificar marcos e fatos de uma história singular que interessa muito ao mundo no estudo da modernidade urbana. O principal desses símbolos é o “Marco da Fundação da Cidade”, uma coluna em pedra de Lioz, com 6 metros de altura, colocado no Porto da Barra pela colônia portuguesa na Bahia, em 1952. Restaurado em 2013, é o local onde o fidalgo português Tomé de Souza, nomeado pelo rei de Portugal como Governador-Geral do Brasil, desembarcou para fundar Salvador em 1549.

No mar da Baía de Todos os Santos, bem defronte ao núcleo urbano projetado inicialmente para Salvador, está o Forte do Mar, construído no inicio do século XVII e que mostra a preocupação em defender as riquezas da cidade fundada havia pouco mais de 50 anos. Com o nome oficial de Forte de Nossa Senhora do Pópulo e São Marcelo, é o único do país construído de forma circular.

O Pelourinho, formado por casarões, palacetes e principalmente ricas igrejas decoradas com até 460 quilos de ouro em pó, como é o caso da Igreja do Convento de São Francisco, urgiu para servir de moradia dos ricos produtores de açúcar e criadores de gado. É um dos maiores conjuntos urbanos do período Barroco no mundo.

Casarões do Império - A evolução da riqueza e do poder em Salvador motivou um deslocamento da elite local do Pelourinho para o Corredor da Vitória, no período imperial do século XIX. Os casões construídos com uma novidade moderna para a época, que eram os banheiros nos dormitórios e espaços nobres das residências, ainda resistem à especulação imobiliária.

Na virada do século XIX para o século XX, Salvador aderiu ao conceito de modernização urbana, iniciada em Paris e adotada pelo Rio de Janeiro, e construiu, em 1915, a Avenida 7 de Setembro, então a sua maior via de circulação com extensão de pouco mais de quatro quilômetros, entre o Centro e a Barra. 

A modernização e internacionalização da economia de Salvador ficaram marcadas pela construção do primeiro centro financeiro. O bairro Comércio surgiu sobre um aterro de parte das águas da Baía de todos os Santos, em 1920, para concentrar bancos, financeiras, casas de câmbios e agencias de exportação. O modelo de concentração de atividades financeiras é o mesmo de Londres e região de Wall Street, em Nova York.

Salvador seguiu o modelo de evolução internacional também nas atividades do comércio varejista e, a partir dos anos 1970, começou a deslocar lojas de vestuário, magazines e restaurantes para os shoppings centers. Alguns dos maiores centros comercias desse tipo do país estão em Salvador, que completa, neste sábado, 465 anos de vida planejando o seu futuro.



Agecom
Sara/Telma
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