Pescadores
e frequentadores da Ilha do Fogo, no município de Juazeiro, norte da Bahia, se
reuniram com o deputado estadual Marcelino Galo (PT) para encaminhar
formalmente um protesto contra a interdição do Exército Brasileiro à Ilha,
ocupada desde o dia 3 de setembro deste ano. O encontro aconteceu na tarde da
quinta-feira (6), na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado
da Bahia (APLB), e o parlamentar petista se comprometeu em levar o fato ao
plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), solicitando a realização de
uma Audiência Pública em Juazeiro para aprofundar o debate sobre o caso.
“Vamos
ampliar e manter os diálogos com os dirigentes de órgãos das administrações
estadual e federal que possam propiciar resoluções positivas a favor da
população e em particular dos pescadores. Já existe um representante [Carlos
Costa], responsável pelas negociações com o governo do estado e vamos
questionar a ocupação já que não existe uma decisão judicial concedendo a Ilha
ao Exército. Isso vem causando sérios problemas sociais, como a impossibilidade
dos pescadores comercializarem seus produtos e, por conta disso, suas famílias
passam por contínuo estresse com a falta de perspectiva para obter renda e
subsídios para a sobrevivência”, pontua Marcelino Galo.
De
acordo com membros do Coletivo de Luta pela Ilha do Fogo, o local nunca foi
perigoso como prega o Exército. “Se fosse assim teríamos altos índices de
violência que geralmente está associada ao consumo de drogas, prostituição e
tráfico. Não há registro policial nos últimos 36 meses, o que não justifica a
invasão do Exército. Precisamos é da construção de um Museu [do Ribeirinho] para
a população ter referência cultural e turística da região, já existem estudos
da Univasf e da Chesf para isso. Não vamos trocar um museu por um centro de
treinamento militar”, declara o representante Enio da Ilha, acompanhado de Tadeu
Reis e Jucinei Martins, todos do Coletivo.
A
Ilha do Fogo é propriedade da União, mas há cerca de 70 anos foi preservada e
utilizada pelos pescadores como residência e entreposto de pesca e pela
população para os seus momentos de lazer. Recentemente, a localidade foi ocupada
por prepostos do Exército Brasileiro que objetiva proibir o acesso das pessoas
e dos pescadores à ilha. Um ato administrativo da Superintendência de
Patrimônio da União, em Recife, concedeu a posse da ilha ao Exército.
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