Segmentos do PT que trabalhavam abertamente pela aliança do partido com
o PSD do prefeito Gilberto Kassab na capital paulista - e apostavam nessa união
para atingir um eleitorado mais conservador - já iniciaram uma revisão da
estratégia eleitoral em que consideram a entrada do ex-governador José Serra
(PSDB) na disputa.
A avaliação de dirigentes próximos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que deu o pontapé para o PT negociar com Kassab, é que o pré-candidato
petista, Fernando Haddad, terá que montar, com urgência, uma agenda específica
de aproximação com empresários e grupos religiosos. Essa estratégia seria
necessária diante da boa interlocução de Serra com os dois segmentos no Estado,
na avaliação dos petistas. E mais: temas como segurança pública devem ter
destaque na campanha por serem um apelo direto desse eleitorado que o PT busca
atingir.
Além disso, uma provável candidatura de Serra acendeu o sinal amarelo no
PT porque o tucano contaria com o auxílio de duas máquinas: o governo do Estado
e a Prefeitura de São Paulo.
O prefeito Gilberto Kassab conversou com a presidente Dilma Rousseff, na
quarta-feira, sobre o cenário em São Paulo. Segundo relatos de interlocutores
da presidente, teria dito que não terá como deixar de apoiar Serra, mas que
mantém o compromisso de tornar o PSD um partido da base aliada. Kassab teria
ido além: deixou claro que a união com Serra em São Paulo, 'um beco sem saída',
não altera os seus planos de compor com o PT no Estado em 2014. Agora, porém,
fica mais complexo a cúpula petista postar tantas fichas numa lealdade futura
de Kassab.
Primeiro sinal
O prefeito, que mantém contatos diários com Serra, recebeu do padrinho
político nos últimos dias um claro sinal de que ele está revendo a decisão de
não entrar na disputa eleitoral paulistana. Diante da possibilidade e do aviso
de Serra, Kassab brecou as negociações com o PT e deu a indefinição do tucano
como razão para suspender o diálogo.
A tese de revisão da estratégia de campanha, porém, esbarra em
resistências no entorno do candidato. 'A escolha do Haddad já era uma forma de
conquistar esse setor que tem dificuldade de votar no PT', disse um aliado do
ex-ministro. Haddad confidenciou a petistas mais próximos que prefere disputar
com Serra porque, assim, ficaria mais clara a diferença de projetos do PT e do
PSDB.
Alheio aos movimentos de Serra e aos avisos do prefeito paulista à
cúpula petista, o líder do PT no Congresso, Cândido Vaccarezza (SP), ainda não
descarta a aliança com o PSD: 'Ainda é cedo para falar de estratégia (eleitoral
de Haddad). O que posso falar agora é que nos interessa trazer o Kassab para
aliança'.
Interlocutores dizem que Haddad se mostra 'aliviado' com a possível
entrada de Serra na disputa e o estancamento da movimentação de Kassab em
direção ao PT. s informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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