10 de dezembro de 2011

Agrotóxico que afeta sistema nervoso é o mais usado no Brasil, diz Anvisa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta quarta-feira (7) detalhes de uma lista com os alimentos mais contaminados pelo uso de agrotóxicos no país em 2010. Segundo o levantamento, um grupo de compostos químicos conhecido como "organofosforados" está presente em mais da metade das amostras irregulares detectadas.

Essas substâncias podem destruir células musculares e comprometer o sistema nervoso, provocando problemas cardiorrespiratórios.

O levantamento foi feito pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos (Para). Ao todo, foram estudados 18 vegetais e frutas em circulação pelo país. Nos 26 estados e no Distrito Federal, foram colhidas 2.488 amostras. Dessas, 28% (694) foram consideradas insatisfatórias para consumo.

Produto
Total de amostras
Número de amostras insatisfatórias e porcentagem
Abacaxi
122
40 (32,8%)
Alface
131
71 (54,2%)
Arroz
148
11 (7,4%)
Batata
145
0 (0)
Beterraba
144
47 (32,6%)
Cebola
131
4 (3,1%)
Cenoura
141
70 (49,6%)
Couve
144
46 (31,9%)
Feijão
153
10 (6,5%)
Laranja
148
18 (12,2%)
Maçã
146
13 (8,9%)
Mamão
148
45 (30,4%)
Manga
125
5 (4,0%)
Morango
112
71 (63,4%)
Pepino
136
78 (57,4%)
Pimentão
146
134 (91,8%)
Repolho
127
8 (6,3%)
Tomate
141
23 (16,3%)
Total
2.488
694 (27,9%)

O cultivo do pimentão é o caso mais preocupante, com quase 92% das amostras com níveis de agrotóxicos acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O carbendazim, outra substância usada no combate a pragas, foi detectada de forma irregular em 176 amostras, 90 delas de pimentão.

A contaminação do alimento pode ocorrer tanto pela existência de agrotóxicos não autorizados para uso naquela cultura como pelo excesso das substâncias permitidas. No estudo, 47 amostras (1,9%) apresentaram ambos os problemas - inclusas 10 amostras de morango e 10 de pimentão.

O melhor desempenho foi o da batata, que apresentou bons resultados em todas as amostras coletadas. Em 2002, cerca de 22% das amostras do vegetal estavam irregulares.

Orientação agrícola
Mais da metade dos estabelecimentos que utilizaram agrotóxicos no Brasil não receberam orientação sobre os perigos do excesso de agrotóxicos. Apenas 172 mil propriedades foram instruídas sobre o tema, o que não impediu que 76,7% utilizaram agrotóxicos.

A educação pode ser uma barreira à instrução sobre o perigo já que mais de 80% dos proprietários rurais no país são analfabetos ou sabem apenas ler e escrever - frequentaram a escola, no máximo, até o ensino fundamental.

 Fonte: G1

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