Exclusivo. No limite constitucional do uso de recursos públicos para o pagamento dos servidores municipais e asfixiada por uma conta cada vez mais dificil de fechar, a Prefeitura de Ilhéus é daquelas que pagam mal para a maioria, atrasam para todos e privilegiam alguns poucos. O mais grave é que não se sabe, efetivamente, qual o tamanho da fatia privilegiada de servidores que, pode-se assim dizer, usam "turbantes", nem como e quando eles chegaram a tal condição.
Foi por um simples acaso que o governo municipal, nos últimos dias, conseguiu descobrir que um auxiliar de serviços gerais da Prefeitura de Ilhéus recebe mensalmente 11 mil 690 reais de salário; um motorista fatura pouco mais de 5 mil e um auxiliar de eletricista consegue embolsar 7 mil reais do dinheiro do contribuinte.
Isso mesmo: não estamos falando de personagens fictícios.
Só não podemos, por precaução, ainda revelar os nomes já que, desde a descoberta, todos eles estão sendo monitorados pela Procuradoria Jurídica do município, que vai acioná-los para reaver o dinheiro que, por direito, não lhes pertence.
O que se sabe é que todos estão lotados na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. E o que não se sabe é: quantos na folha de pessoal da prefeitura estariam nas mesmas condições destes três privilegiados que já foram identificados por membros do atual governo?
Uma fonte do Palácio Paranaguá, revelou ao reporter do Jornal Bahia Onlineque o sistema usado no controle dos salários e da quantidade de servidores públicos de Ilhéus é muito defasado e sujeito a fraude. Os três "marajás" da Sedur só foram identificados a partir de uma decisão do prefeito Newton Lima de cortar a quantidade que considerava excessiva de horas extras. A medida teria gerado insatisfação e levantado suspeita.
De acordo com o levantamento do JBO, a Prefeitura de Ilhéus estava gastando, por mês, algo em torno de 400 mil reais com o pagamento de horas extras. No final do mês passado, o prefeito Newton Lima assinou um decreto proibindo a concessão e exigiu dos secretários que fizessem um levantamento minuncioso do quadro de cada uma das pastas administrativas para saber quantos servidores estavam trabalhando e quantos estavam ganhando o salário no qual está efetivamente enquadrado.
A surpresa foi geral. Dias depois, o próprio titular da pasta, o secretário Carlos Freitas, entregou um relatório ao prefeito apontando os três primeiros casos. No exemplo do motorista que recebe 5 mil reais, ainda há um fato intrigante. Entre os benefícios que possui, há uma premiação em dinheiro, pelo cuidado que tem com o veículo que utiliza. Poderia até ser justo em se tratando de um patrimônio público cuja grande maioria não aparenta ter mesmo o mínimo cuidado. Mas o zeloso motorista tem um bom tempo que não faz sequer uma curva pilotando um carro da Prefeitura de Ilhéus. Ele não dirige mais.
"De há muito, fiscalizar a folha salarial da Prefeitura de Ilhéus é mexer em um enorme vespeiro", garante um influente secretário municipal. "Agora, com as primeiras descobertas, o prefeito quer saber quem são os privilegiados com recursos públicos", completa. A Prefeitura está iniciando uma rigorosa auditoria para identificar a quantidade de "marajás" que ganham muito além do que merecem e do que devem ganhar.
Neste próprio governo, um outro levantamento deveria ter caminhado a passos largos há mais de um ano, identificando possíveis "fantasmas" do serviço público. Mas o trabalho ficou perdido pelo caminho com o contribuinte pagando o preço da indiferença que na maioria das vezes resulta em má fé.
texto divulgação : Jornal Bahia Online
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