Na casa de fachada simples e recheada de símbolos do candomblé, localizada na Rua Alagoinhas, Rio Vermelho, em Salvador, viveram por mais de 40 anos Jorge Amado e sua mulher, Zélia Gattai. Nela, o escritor criou os dois filhos, João Jorge e Paloma Amado, e recebeu amigos, como os artistas plásticos Carybé e Calasans Neto e o poeta Pablo Neruda, entre muitos outros.
A casa foi comprada com o dinheiro que Jorge Amado recebeu após vender os direitos autorais do livro Gabriela para uma produtora de Hollywood, no final da década de 50. Ali, ele escreveu muitos livros, entre eles Dona Flor e Seus Dois Maridos e Quincas Berro-d’Água. A arquitetura da casa recebeu contribuições de amigos do casal, como Carybé, Mário Cravo Júnior e Lina Bo Bardi. No jardim da casa, a família enterrou as cinzas do casal.
Por causa de toda essa história, um projeto dos familiares do escritor pretende abrir a casa para visitação pública. É o Memorial Casa de Jorge Amado, lançado nesta sexta-feira (10), em comemoração ao seu centenário.
A proposta prevê uma loja onde o público tenha acesso às obras do escritor, a seu acervo completo e uma cafeteria. Os visitantes também vão ter acesso aos cômodos da casa e ao jardim, além de objetos pessoais, como roupas e joias.
Segundo o responsável pelo projeto, Miguel Correia, o orçamento previsto é de R$ 2 milhões, que vão contar com recursos da iniciativa privada e do poder público. Correia explicou que a estrutura da casa não passará por alterações. “Seria um crime fazer grandes intervenções na casa em que Jorge recebeu seus amigos e vários intelectuais do mundo. O imóvel é muito bonito, tem peças dos amigos do escritor. O trabalho é muito delicado”.
Atualmente, a casa está vazia, sem as obras artísticas e sem os pertences pessoais. Para João Jorge Amado, o memorial é um sonho antigo da família, principalmente de Zélia Gattai. “O memorial vai permitir aos leitores de Jorge Amado uma visão de como era a vida do escritor e o seu o dia-a-dia. Antes mesmo do memorial estar pronto, muita gente vem aqui para visitar a casa. Então, acho que o projeto, concretizado, vai atrair muitos turistas a Salvador”.
Durante a apresentação do projeto do Memorial Casa de Jorge Amado, o governador Jaques Wagner presenteou a família do escritor com um kit contendo todas as peças publicitárias feitas pelo Estado em comemoração ao centenário de Jorge Amado. A família recebeu também um vídeo que foi veiculado em todas as emissoras de TV do país.
O governador disse que a forma de viabilizar a abertura da casa vai ser negociada com a família, conforme projeto aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura em 2008. “Todos nós estamos nos reunindo para viabilizar esse projeto. Jorge Amado é um dos maiores escritores da língua portuguesa e estamos em acordo de tornar sua casa em um memorial. O governo está completamente engajado com as comemorações do centenário desse grande escritor”.
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