2 de maio de 2012

População de Bate Pé, na Bahia, disputa água com animais para viver


No distrito de Bate Pé, a 34 Km de Vitória da Conquista, município do sudoeste da Bahia, há 15 dias os mais de três mil moradores da localidade enfrentam dificuldades por causa da falta de água. O distrito é abastecido com água da Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento), que chega com irregularidade nas torneiras. Resta aos moradores recorrer a um açude, onde a água é dividida com animais que vão ao local matar a sede.
Dona Vitória, de 72 anos, mora sozinha e conta com a ajuda de vizinhos para armazenar água do açude. Ela se preocupa com a possibilidade do açude secar.
"Não sei mais o que é que eu vou fazer, porque eu não posso pagar para botar água", desabafa Dona Vitória Rosa de Jesus.
"Pegando a água do açude que gado bebe e cachorro toma banho. Nós ainda estamos dando graças a Deus. Tem mais de 20 dias agora que caiu água aqui", contabiliza Dona Joana dos Santos, aposentada.
Diferente da falta de água em várias localidades da região por causa da estiagem, em Bate Pé o problema da escassez é constante. Segundo os moradores, desde quando a Embasa construiu o sistema de abastecimento na localidade, a água cai de forma irregular. Há ruas do distrito em que falta água há três meses.
"Já tem três meses que não caiu mais água aqui para encher vasilha, só cai um pouquinho e pronto, não vem mais", conta Dona Anézia Lemos, dona de casa.
Em outras localidades próximas, os moradores passam por uma situação ainda pior. Sem água da Embasa há mais de 45 dias, os moradores de Bate Pé Velho levam em lombos de animais o único recurso que podem contar: uma mistura de água e lama. Dentro do açude seco, uma tentativa de fazer a água minar.
"Aqui já estamos limpando pra poder a água minar, pra gente pegar de manhã. Ai amanhã, quando for de manhã, a gente pega um pouquinho de água. Quem chegar primeiro pega, quem chegar por último vai caçar em outro lugar, porque não tem mais", explica Jovino Neto, lavrador.
Alguns moradores contam que deixaram de pagar as contas, esperando pela água da Embasa.
"Sem água não dá, a gente pagando sem ter água! A gente já tá comprando, senão a gente paga duas vezes... Um caminhão de água pra pegar do açude pra cá são R$ 60 e de Conquista pra aqui são R$ 250. Você acha que tem condições?", Indaga Dona Dina Meira, dona de casa.
A Embasa diz que tem conhecimento do problema e que está buscando soluções para melhorar o abastecimento de água no local.
"Nós estamos com o projeto pronto, devemos mandar para Salvador na outra semana para contratarmos uma empresa, visando a melhoria daquele rede e também estamos colocando um motor mais potente aqui, estamos aumentando a capacidade de bombeamento, pra gente acabar com o problema da falta de água naquela região. Nós vamos fazer um levantamento pra verificar como foi isso daí para ver se existe a possibilidade da gente cancelar algumas contas", afirma José Olímpio, gerente do escritório regional da Embasa.

G1-Ba.

 

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