5 de maio de 2012

Agricultores familiares buscam alternativas para alimentar o gado durante a seca


Agricultores familiares criadores de gado de leite, que vivem nas proximidades da região de Itamaracá, nos municípios de Itabuna, Buerarema e Itapé, estão convivendo com um problema atípico para a região sul da Bahia: a estiagem prolongada. A falta de chuva já dura mais de 90 dias e a situação compromete os pastos e a produção de leite nas propriedades rurais.
Para enfrentar a situação, os criadores estão adotando alternativas de recurso forrageiro repassadas pelo técnico da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), Nelson Fernandes Moura, responsável pelo trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), na região.
“Trabalho na gerência de Itabuna desde 1997, e confesso nunca ter visto uma estiagem tão prolongada, nessa região”, enfatiza Moura. José Domingos Soares é um dos agricultores assistidos pela EBDA e foi instruído a plantar uma reserva estratégica alimentar para o gado.
 Ele tem usado a cana-de-açúcar, retirada da sua propriedade, para alimentar os ruminantes durante esse período de escassez. Domingos conta que está fazendo justamente como foi ensinado por Nelson. “A minha sorte tem sido essa cana, que trituro e misturo com ureia e sulfato de amônia, e dou para o gado”, diz o agricultor.
O técnico esclarece que essa mistura é feita para melhorar a qualidade e o valor nutritivo da cana, sem, com isso, acrescentar maiores custos para o agricultor familiar. Rica em nitrogênio, a mistura alimenta as bactérias do rúmem do animal que, por sua vez, transforma o alto teor de açúcar presente na cana (energia) em proteína, favorecendo a produção de leite.
“Na primeira semana, considerada de adaptação, é acrescentada uma quantidade de 500 gramas da mistura a 100 quilos de cana-de-açúcar triturada. Após esse período, aumenta o valor da mistura para 1000 gramas, na mesma quantidade de cana”, explicou Moura.
O agricultor Dermival Barbosa dos Santos, também assistido pela EBDA, conta que graças a essa alternativa forrageira, as vacas da sua propriedade ainda estão conseguindo produzir o leite, mas mesmo assim a produção já caiu em torno de 60%. “Tem agricultores por aqui, que não se preveniram e já pararam de tirar o leite, nesse período de seca”, assegurou Santos.


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