Agricultores familiares
criadores de gado de leite, que vivem nas proximidades da região de Itamaracá,
nos municípios de Itabuna, Buerarema e Itapé, estão convivendo com um problema
atípico para a região sul da Bahia: a estiagem prolongada. A falta de chuva já
dura mais de 90 dias e a situação compromete os pastos e a produção de leite
nas propriedades rurais.
Para enfrentar a situação, os
criadores estão adotando alternativas de recurso forrageiro repassadas pelo
técnico da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à
Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), Nelson Fernandes Moura,
responsável pelo trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), na
região.
“Trabalho na gerência de
Itabuna desde 1997, e confesso nunca ter visto uma estiagem tão prolongada,
nessa região”, enfatiza Moura. José Domingos Soares é um dos agricultores
assistidos pela EBDA e foi instruído a plantar uma reserva estratégica
alimentar para o gado.
Ele tem
usado a cana-de-açúcar, retirada da sua propriedade, para alimentar os
ruminantes durante esse período de escassez. Domingos conta que está fazendo
justamente como foi ensinado por Nelson. “A minha sorte tem sido essa cana, que
trituro e misturo com ureia e sulfato de amônia, e dou para o gado”, diz o
agricultor.
O técnico esclarece que essa
mistura é feita para melhorar a qualidade e o valor nutritivo da cana, sem, com
isso, acrescentar maiores custos para o agricultor familiar. Rica em
nitrogênio, a mistura alimenta as bactérias do rúmem do animal que, por sua
vez, transforma o alto teor de açúcar presente na cana (energia) em proteína,
favorecendo a produção de leite.
“Na primeira semana,
considerada de adaptação, é acrescentada uma quantidade de 500 gramas da mistura a
100 quilos de cana-de-açúcar triturada. Após esse período, aumenta o valor da
mistura para 1000 gramas,
na mesma quantidade de cana”, explicou Moura.
O agricultor Dermival Barbosa
dos Santos, também assistido pela EBDA, conta que graças a essa alternativa
forrageira, as vacas da sua propriedade ainda estão conseguindo produzir o
leite, mas mesmo assim a produção já caiu em torno de 60%. “Tem agricultores
por aqui, que não se preveniram e já pararam de tirar o leite, nesse período de
seca”, assegurou Santos.
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