11 de março de 2015

Uma mão lava a outra


Texto e foto: Arnold Coelho

No sábado passado, 7 de março, recebi a visita do meu amigo Soares Neto, que chegou com um pacote com 100 mudas de cacau. Soares estava muito empolgado com a nova forma como a Biofábrica está passando as mudas para o meio rural. O processo (que antes precisava dos tubetes, gerando custo e ocupando muito espaço na locomoção e entrega final do produto ao pequeno agricultor) agora ficou muito simples e prático. Prova disso é que ele deixou aqui em casa um pacote com 100 mudas para que presenteasse algum amigo agricultor familiar.
Como tenho alguns amigos que vivem no meio rural, eu, para não criar nenhum tipo de ciumeira, estabeleci que o primeiro que me ligasse ganharia as mudas. Pedro Gama foi o contemplado. Meu amigo Pedro tem uma propriedade no topo da Serra do Córrego Grande (acima da fazenda de Abel de Furtuoso). São 68 hectares de mata, cacau e pasto, com diversos pontos de nascentes que ajudam a abastecer o riacho do Córrego Grande.

Pedro me ligou para dizer que apesar de mais da metade de suas terras estarem preservadas com matas (conforme ele mostrou em uma planta da sua propriedade), ele pretende reflorestar mais cinco hectares, em um local que existem alguns pontos de nascentes. De imediato pedi que ele passasse em minha casa e repassei as mudas, pedindo que ele fizesse uma pequena cabruca, começando com o cacau e a bananeira, e em seguida árvores nativas da região. Pedro gostou da ideia.
Ficamos de procurar Zé Dias, diretor do SAAE, para mostrar o projeto de reflorestamento dessa área e me comprometi de voltar à Serra para fotografar o local da futura rocinha de cacau.
Ações como a de Pedro Gama nos dão a esperança que nossos filhos e netos terão água para beber em um futuro não tão distante.
Pedro só espera que o PSA (Pagamento por Serviço Ambiental) -  que já existe no mundo e em algumas regiões do Brasil - possa um dia funcionar aqui em Ibicaraí, ajudando aqueles que tem nascentes em suas propriedade. "Eu preciso sobreviver da terra. É bonito deixar toda mata fechada, mas poderia transformar boa parte em pasto para criar meu gado. Preservar nascentes requer trabalho e cuidado. Preciso cercar, limpar e monitorar essas áreas sempre. Tudo requer tempo e custo. Não ganho nada por isso", disse Pedro. 
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