Arnold Coelho é dos mais respeitados nomes do design gráfico na
Bahia. Ao UniverCidade, o “Chefe, como é carinhosamente chamado pelos
colegas, contou sua história e deu dicas profissionais para os que estão e,
principalmente, para quem se lança no mercado.
Arnold Coelho conta como chegou lá!
Paixão
pelo que faz.
Meu
nome é João Arnold da Silva Coelho, mais conhecido por Arnold Coelho ou
simplesmente “Chefe” (apelido que adquiri dos meus colegas de setor com o
passar dos anos). Nasci em plena ditadura militar, em meio ao AI-5 ou
simplesmente Ato Institucional Número 5. O AI-5 entrou em vigor em 13 de
dezembro de 1968, em represália ao discurso do então deputado Márcio Moreira
Alves, que pediu ao povo brasileiro que boicotasse as festividades de 7 de
setembro de 1968; por coincidência o dia em que nasci. Era madrugada do feriado
de Independência em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, e lá
estava eu a dar trabalho a minha querida mãe, que sempre lembrava daquele dia
dizendo: “esse foi o filho que me deu mais trabalho pra sair”, relembrando os 34
pontos internos e 37 externos de uma cesariana no meu nascimento.
“Cresci rabiscando as paredes das
casas que morava e logo meus irmãos perceberam que estava nascendo mais um
desenhista na família.”
Aos dois anos vim morar na Bahia,
estado pelo qual adotei como minha casa e pretendo viver até os meus últimos
dias. Cresci rabiscando as paredes das casas que morava e logo meus irmãos
perceberam que estava nascendo mais um desenhista na família. Quando digo mais
um é porque na última contagem encontramos 14. Hoje, com certeza, o número
aumentou. Tenho dois filhos que adoram desenhar. De tanto rabiscar as paredes e
desenhar para os amigos ganhei a primeira oportunidade em 1984 para trabalhar
em um escritório de arquitetura do meu tio Alfredo Coelho. Fui para fazer
serviços gerais com a promessa de que se houvesse interesse da minha parte ele
me ensinaria a profissão. Meu tio foi o meu primeiro mestre. Devo muito a ele.
Alfredo me ensinou tudo que sei de arquitetura. Lembro das suas palavras até
hoje: “só lhe falta o diploma”. Trabalhei com alguns arquitetos, engenheiros,
topógrafos e agrimensores e tive algumas decepções como desenhista
arquitetônico. Perdi mais do que ganhei.
Em
janeiro de 86 um primo meu (Roberto Coelho), sócio e dono de uma agência de
publicidade (Ação Propaganda), foi em minha casa visitar minha mãe e viu as
paredes da minha casa toda rabiscada. Roberto gostou muito dos desenhos e me
convidou para trabalhar com ele. Gostei da ideia de mudar de ares (estava
cansado de desenho arquitetônico) e fui me aventurar com propaganda, conhecia
então meu segundo mestre. Roberto Coelho conhecia tudo e um pouco mais de
propaganda, fora que ele era (e ainda é) um excelente fotógrafo. Toda minha
base com designer foi extraída dele. Passei dois anos na Ação Propaganda
fazendo de tudo, do layout a produção de VTs, Spot para rádio. Foi uma
experiência maravilhosa, mas tudo que é bom, dura pouco. Em setembro de 88
Roberto recebia uma proposta da DPZ do Rio de Janeiro, a DPZ era o sonho de
consumo de qualquer profissional da área, ele aceitou o convite e fechou a
Ação. Antes de ir para o Rio, Roberto me apresentou a José Adervan de Oliveira,
ou simplesmente Adervan. Lembro como hoje quando sentei na prancheta para fazer
o teste e Dona Ivone (esposa de Adervan), gerente da gráfica, me perguntou:
- Sabe
fazer arte?
- Sei
sim senhora.
‘Chefe’, como é chamado pelos
colegas de trabalho, Arnold é considerado um dos pioneiros na história da arte
gráfica moderna em Itabuna.
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Na
verdade nunca tinha feita uma arte final antes, mais precisava do emprego. Eu
já ilustrava e fazia os layouts da agência, só precisava finalizá-los, como já
tinha experiência com arquitetura, e naquela época tudo se resumia em uma
prancheta, papel vegetal, caneta nankim e um pouco de criatividade, eu passei
fácil por mais esse obstáculo.
“Nunca deixe para amanhã o que você
pode fazer hoje”
O
resto da minha história alguns de vocês já conhecem. Estou há 24 anos no Jornal
Agora, onde sou responsável pelo setor de arte e diagramação de um jornal
diário e uma revista mensal. Durante esses anos estive por duas vezes em São
Paulo, onde passei um pouco mais de cinco anos adquirindo experiência.
Ministrei alguns cursos de diagramação e arte para alguns colegas de profissão
e hoje me sinto um cara realizado com o meu trabalho, pois tenho o
reconhecimento da empresa que trabalho e dos meus colegas de profissão.
Fica
aqui um conselho para quem está entrando no mercado de trabalho: O
mundo ficou muito competitivo nos últimos 20 anos. Você precisa estar
informado, adquirir conhecimento todos os dias e ser dinâmico. Nunca deixe para
amanhã o que você pode fazer hoje (mesmo que lhe custe 10 minutinhos a mais).
Tem sempre alguém precisando do seu emprego. Seja sempre verdadeiro e assuma
seus erros. O grande profissional tem que ter personalidade para assumir que
errou.
Vou
deixar também algumas dicas para você que está iniciando com artes gráficas ou
designer. Você não precisa passar pelos erros que passei. Se alguém tivesse me
passado essas informações no início da minha carreira eu não teria errado
tanto. Espero que essas dicas sejam úteis:
Digo sempre que são os 10 MANDAMENTOS DE UM SETOR DE ARTE
1 –
Todo serviço gráfico deve ter acompanhamento técnico de no mínimo dois
profissionais. Na hora da impressão em laser ou no envio do mesmo para fazer
filme limpo. O responsável pela impressão em laser deve estar atento à
impressão, e colocar o laser ou vegetal. Observar também se a impressão é
P&B ou Color, pois existem laser para o colorido e vegetal para o preto.
2 – O
profissional do setor de arte não pode corrigir serviços de agências de
propaganda. É de responsabilidade da agência mandar o serviço sem erros. A
correção só é permitida caso tenha algum representante da agência presente que
autorize e aprove as mudanças.
3 –
Todo serviço gráfico deve ser analisado e discutido, com o chefe da gráfica, a
melhor forma de impressão. Ele escolherá a melhor maneira de tirar o material
em laser ou filme limpo, sendo que o mesmo terá que aprovar com um visto em uma
cópia em papel.
4 – O
responsável direto por cada serviço gráfico deve ficar atento às informações
contidas na O.S. (ordem de serviço), não deixando passar nenhum detalhe.
Exemplo: quantidade de cores, impressão frente e verso, quantidade de
impressão, tipo de papel, impresso com ou sem sangria etc.
5 –
Toda vez que um serviço tiver que ir para um bureau fazer filme limpo, será
necessário que o responsável pelo mesmo faça um relatório completo, checando
cores, bitmaps, texturas em RGB, lentes, powerclips, transparências, textos,
parágrafos, sombras projetadas etc (O Indesign faz esse relatório). Só mande o
material para fazer filme ou chapa se o programa der um ok.
6 – Se
o arquivo em Corel acusar algum tipo de problema, é aconselhável que o
profissional feche o mesmo, e faça a impressão a partir de outro aplicativo.
Caso o arquivo tenha que ir para o bureau, entre em contato com o bureau e pegue
todas as informações necessárias.
7 –
Todo serviço feito na gráfica tem que passar pela revisão. Independente da
pressão ou prazo de entrega. O serviço só poderá ser liberado sem revisão no
caso de autorização do cliente ou ordem superior, com visto e data da
autorização.
8 –
Cada profissional é responsável pelo serviço que iniciou. Caso o serviço tenha
urgência e precise que outro profissional termine, fica a cargo de quem iniciou
passar todas as coordenadas do serviço por escrito para o companheiro, que irá
terminar o mesmo.
9 – O
profissional de arte gráfica precisa ter atenção no que está fazendo, humildade
para perguntar ao colega e espírito de equipe. O serviço bem executado no setor
de arte irá facilitar o fotolito e a impressão.
10 –
Toda arte ou anúncio de terceiros deverão vir com cópia em papel. Caso a mesma
venha via internet, o cliente deverá mandar anexada uma cópia do arquivo em
JPEG para visualização.
ARNOLD COELHO
Resp. pelo setor arte do Jornal Agora
Resp. pelo setor arte do Jornal Agora
Matéria extraída do blog Pimenta na Muqueca.
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