Maré e ventos fortes em Ilhéus preocupam e trazem prejuízos a moradores.
Algumas casas do bairro São Miguel já foram 'levadas' pelas águas.
Algumas casas do bairro São Miguel já foram 'levadas' pelas águas.
No bairro São Miguel, em Ilhéus, cidade ao sul da Bahia, o mar está avançando sobre as casas cada vez mais rápido. De um lado está o mar e cerca de 100 metros depois, está o rio Almada, que sofre os efeitos da maré alta.
O rio está cada vez mais largo e faz curvas provocadas pela erosão. Isso tem destruído algumas casas que ficam às margens. "Eu tinha um quintal que variava entre cinco e dez metros, e hoje eu estou com a casa dentro do rio", conta o aposentado Arivaldo Lima.
Aproximadamente dez mil pessoas moram ou passam uma temporada no bairro. São Miguel tem moradias simples e também as mais caras. A preocupação da população do bairro é com a ação do mar combinada com ventos fortes. A pescadora Valdeci Maria de Jesus diz que falta pouco para a maré invadir a casa dela. "A gente não tem dinheiro. Precisamos de ajuda", revela a pescadora.
O local onde ficava a rua principal do bairro há 20 anos foi tomado por areia. Para proteger as casas, alguns moradores construíram contenções com sacos de areia, pedras e entulho. O pescador Jasonias Cézar lembra como era o lugar há 30 anos, quando ele foi morar no local. “Antigamente, para atravessar a passarela de um lado para o outro e chegar à beira da praia, cansava as pernas, tinha até mata. Onde a água [do mar] bate hoje seria casa”, conta Jasonias Cézar de Jesus.
A contenção de encosta feita com pedras evita o avanço da maré até as casas. Em alguns locais do bairro de São Miguel, só restam pedaços de construção de uma casa que não recebeu a contenção e por isso foi levada pela água.
Para os moradores, o problema se agravou com a construção do porto que deveria ter começado uma obra de contenção ao longo da faixa de areia até o bairro São Domingos.
"Ficou decidido pelo Ministério Público que a Codeba deve fazer de forma imediata, sob a pena de R$ 1 mil por dia, a contenção para impedir o avanço da maré. O prazo esgotou e nós estamos aqui esperando uma solução", explica Francisco Sérgio Gomes dos Santos, presidente da Associação dos Moradores do São Miguel.
A Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) informou que estão sendo tomadas providências para atender a decisão judicial, mas a solução definitiva depende de um projeto grande de interferência no mar, que já está em estudo.
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