Mohammed Merah, 24 anos, suspeito dos sete
assassinatos ocorridos em Toulouse e Montauban, sul da França,
é um francês de origem argelina com antecedentes criminais e que, depois de
passar por Paquistão e Afeganistão, se declara jihadista da
al-Qaeda.
Entrincheirado num prédio de Toulouse com várias
armas, segundo alega, ele reivindica ser um mujahedine (combatente de Deus) e
um membro da al-Qaeda, segundo o ministro do Interior, Claude Guéant.
Nascido em 10 de outubro de 1988 em Toulouse,
possui relações com pessoas ligadas ao salafismo e jihadismo e realizou duas
viagens, uma ao Afeganistão e outra ao Paquistão,
ainda segundo o ministro. Não existem informações concretas sobre sua
participação em um campo de treinamento.
O modus
operandi de Merah, que teria matado a sangue frio três militares, três crianças
e um professor judeus, remetia desde o início da investigação a alguém treinado
e acostumado com o manejo de armas. Segundo uma fonte policial, recentemente
foi negado a ele seu pedido de entrada no exército.
Guéant descreve o suspeito como "determinado, com muito
sangue frio". Testemunhos, citados na terça-feira (20) pelo procurador de
Paris, François Molins, o descrevem como um homem branco, com uma silhueta
delgada e com mais ou menos 1,70m. Uma testemunha disse ter visto o assassino
usando uma minicâmera.
O suspeito explicou aos negociadores que "queria vingar a
morte de crianças palestinas", ao atacar a escola judaica.
"Foi
menos explícito no caso dos militares, mas disse que o fato de que alguns
poderiam ser de confissão muçulmana ou parecer de origem norte-africana nada
teve a ver com sua decisão, e que queria atacar o exército francês por suas
intervenções no exterior", explicou Guéant.
O suspeito era vigiado há vários anos pela DCRI (Direção Central
da Inteligência Interna), acrescentou.
"Ele cometeu várias infrações de direito comum, incluindo
algumas com violência", segundo o ministro. Segundo uma fonte policial,
foram 18 no total.
Uma fonte ligada à investigação informou que ele também foi
detido, no final de 2010, em Kandahar, no Afeganistão, por fatos de direito
comum.
Seu irmão, também ligado à filosofia salafista, foi detido. Sua
mãe, que os policiais querem que negocie com o filho, se negou a fazer isso
porque disse não ter nenhuma influência sobre ele.
"Ele é uma pessoa normal, como qualquer outra na rua",
afirmou um dos vizinhos do suspeito, Eric Lambert, afirmando que, entre os
moradores jovens do local, Merah "não é o que mais fazia barulho".
A investigação deve determinar se este indivíduo atuou sozinho
ou com a ajuda de uma célula e se ele pertence à al-Qaeda, como reivindica.
"Os 'lobos solitários' sempre têm a tendência de se
inscrever numa organização maior", afirma um especialista em questões
terroristas, Jean-Pierre Filiu, professor do Instituto de Estudos Políticos de
Paris.
"Falamos muito de seu possível perfil, de seu complexo de
grandeza, de superioridade. Isso permite representar-se de forma muito mais
megalomaníaca".
Da AFP
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