8 de fevereiro de 2012

Investigações do Departamento de Homicídios vão priorizar os casos de extermínio


Diante do aumento dos índices de homicídios em Salvador, registrados depois que parte da Polícia Militar decretou a greve, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está priorizando as investigações de mortes que apresentam indícios de extermínio.

Entre os crimes investigados está a execução de cinco moradores de rua na Boca do Rio, durante a madrugada de sexta-feira passada (3), e de uma mulher, também moradora de rua, na Praça da Piedade, no centro de Salvador, que foi baleada e morta quando amamentava a filha recém-nascida.
         Para atender à demanda, que chegou a registrar 49 homicídios entre as 22 horas de sexta-feira (3) e a meia-noite de domingo (5), em Salvador e região metropolitana da capital, o DHPP ampliou de três para cinco o número de equipes do Serviço de Investigação em Local de Crime (Silc) em campo por turno.



Aumento do efetivo - Desde sábado (4), para garantir a segurança dos investigadores e peritos, quatro policiais em outra viatura estão acompanhando cada equipe do Silc nos atendimentos aos locais de crime.

“Durante este período, optamos por aumentar o efetivo para impedir que os policiais ficassem vulneráveis e pudéssemos atender ao aumento da demanda com a mesma eficiência”, explicou o diretor do DHPP, delegado Arthur Gallas.

Devido ao volume de ocorrências, a coordenadora das Delegacias de Homicídios da Capital, delegada Francineide Moura, explicou que ficou difícil dar prosseguimento a todas as investigações de uma vez só.

“Em razão do elevado número de homicídios no período, decidimos priorizar as mortes com características de extermínio, pelo fato de representarem o principal motivo para esta elevação”, disse a delegada. Com isso, as equipes do Silc estão orientadas a recolher o máximo de informações e provas possíveis nos locais dos crimes, onde as características presentes ofereçam motivações diversas, pois esses dados irão subsidiar um diagnóstico imediato e as investigações posteriormente.



Crimes de extermínio - Para Arthur Gallas, três situações têm contribuído para o aumento no número de homicídios nesse período, como resultado da diminuição do policiamento ostensivo: a ação de grupos armados de segurança clandestina, eliminando moradores de ruas que praticam furtos e roubos, incomodando o comércio em bairros de Salvador; quadrilhas de traficantes executando desafetos e integrantes de bandos rivais, além do acerto de contas com usuários; e, finalmente, um aumento nos registros de crimes contra o patrimônio, como os latrocínios (roubos seguido de morte).
        Dados estatísticos do DHPP mostram que, no período de 1° a 06 de fevereiro, a polícia registrou 38 homicídios com características de crimes de extermínio. Os principais indicativos de crimes como este são a participação de muitos executores, fortemente armados e uso de veículos não identificados, atuando de forma específica.

         A sexta-feira (3) registrou o maior número de mortes com essas características. Nesse dia, 19 pessoas foram executadas em vários bairros de Salvador. Em todos os casos, testemunhas relataram a existência de pelo menos dois desses indicativos.

A região da Delegacia de Homicídios (DH) Central, que engloba as áreas das 10ª, 11ª e 13ª Delegacias Territoriais (DTs), registrou 17 mortes no período, contra 12 na região da DH Atlântico, que reúne as 1ª, 6ª, 9ª e 12ª DTs, e nove na região da DH Baía de Todos-os-Santos, áreas da 2ª, 3ª, 4ª e 8ª DTS.

A maioria das mortes, total de 11, ocorreu entre zero hora e quatro horas da madrugada. Da zero hora do dia 1° até às 14 horas desta quarta-feira (8), o DHPP já contabilizou 94 mortes em Salvador.


Nas/rn – 08.02.12

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