27 de fevereiro de 2012

Com ação contra o Estado, mãe de Eloá também atribui culpa de crime à PM


A mãe de Eloá Pimentel, Ana Cristina Pimentel, disse na tarde desta segunda-feira, 27, que acredita que a polícia teve 50% de culpa na morte de sua filha. Eloá foi morta em 2008, pelo ex-namorado Lindemberg Alves, quando o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) invadiu o apartamento que servia de cativeiro há 100 horas.

Durante entrevista coletiva, o advogado da família, Ademar Gomes, informou que propôs ação contra o Estado por danos materiais e morais. 'É uma ação morosa - porque tudo que é judiciário é moroso - mas tenho plena convicção que seremos vitoriosos nessa ação', disse Gomes.

'O Estado foi negligente. Não podemos aceitar que a nossa polícia não tenha equipamentos adequados para uma escuta', disse Gomes, referindo-se a parte do depoimento do comandante do Gate, Paulo Sérgio Squiavo, em que disse que a polícia usava copos para ouvir o que estava sendo dito lá dentro. 'Copo em parede é coisa de comadre.'

Sobre o pedido de nulidade do júri pedido na semana passada pela advogada de defesa, Ana Lúcia Assad, Gomes disse que 'é inviável' porque não houve cerceamento de defesa. Para a mãe de Eloá, a advogada de defesa 'prejudicou muito Lindemberg' porque estava muito nervosa.

Ana Cristina ainda não conseguiu desculpar o assassino da filha, que pediu perdão durante o julgamento. 'Ele teve três anos para me pedir perdão e nunca pediu. No dia do julgamento, quando a advogada dele me viu, ela foi falar no ouvido dele. Para mim, pareceu que ele pediu desculpas porque foi o que a advogada pediu para ele fazer.'

Ana disse ainda não ser a favor da pena de morte, porque 'o que ele fez, ele tem de pagar aqui'. 'Eu não espero justiça dos homens, porque ela é falha. Eu espero a justiça divina.' Ela disse também que não terá medo de Lindemberg quando ele sair da cadeia, porque acredita que ter matado Eloá o satisfez. 'Ele já tinha dito que se ela não fosse dele, não seria de mais ninguém.'

Governo. Ambos falaram também sobre a crítica da ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que criticou a família por ter consentido que a jovem engatasse o namoro quando tinha apenas 12 anos e o rapaz, 19. 'A família faz sua mea culpa, mas o governo deve assumir sua culpa também e colocar limite nas novelas das 20h ou das 18h horas, que mostra sexo o tempo todo na televisão', disse o advogado da família.

Já Ana Cristina argumentou que o relacionamento não era do gosto da família de Eloá, mas os pais acabaram consentindo para evitar que os jovens namorassem escondido. 'Eu e meu marido sentamos com ele (Lindemberg) e tivemos uma conversa séria. Ele aceitou todos os limites.'


Estadão

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