15 de agosto de 2011

Engenheiro que autorizou parque diz à polícia que não andaria em brinquedo


Jovem morreu ao ser atingida por carro de brinquedo que se soltou no RJ.


O engenheiro que deu a autorização de funcionamento ao parque em que a jovem Alessandra Aguilar, de 17 anos, morreu, em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio, prestou depoimento à polícia na tarde desta segunda-feira (15) e afirmou que ele não permitiria que seus familiares andassem nos brinquedos e nem ele próprio andaria, segundo informou a delegada da 42ª DP (Recreio) Adriana Belém, que investiga o caso. Ela disse ainda que o engenheiro já responde por uma morte em um outro parque, em Bangu, também Zona Oeste, em 2009.

"Ele disse que não viu nada de irregular. Aí eu perguntei 'o senhor andaria em um brinquedo desse?", ele disse que não. Eu perguntei 'o senhor permitiria que alguém da sua família andasse?' e ele disse que não", afirmou.

“Ele já responde a um procedimento por outro acidente ocorrido na área da 34ª DP, em Bangu, onde ele concedeu o mesmo parecer e houve uma letalidade, houve uma morte. Não é a primeira vez que ele emite um parecer e acontece uma fatalidade”, completou.

Ele teria dito em depoimento que nunca respondeu a procedimento policial. De acordo com a delegada, ele afirmou que testou todos os brinquedos, e o problema teria se dado devido a um número maior de pessoas na festa. A autorização concedida pelos bombeiros era para 200 pessoas, mas a polícia afirma que havia cerca de mil pessoas no local.

O engenheiro, de 77 anos, saiu sem falar com a imprensa, pela porta dos fundos da delegacia. Segundo a delegada, ele afirmou que chega ao local com o laudo já pronto e testa tudo em um dia. O preço cobrado por cada laudo é R$ 450, segundo a polícia.

Operador ouvido
O operador do parque também foi ouvido nesta tarde e, de acordo com a polícia, pode ser penalizado. A delegada contou que ele disse à polícia que foi treinado dois meses antes pelo filho da dona do parque. “Ele disse que recebeu orientações da dona do parque para que ele colocasse até cinco pessoas, quando a capacidade, que a até o engenheiro diz, é de 4 pessoas”, explicou Adriana Belém.

A polícia afirmou ainda que foi constatado furto de energia no local.



O especialista constatou ainda outros problemas, como a instalação elétrica do parque, feita de forma irregular. “Eles fizeram a alimentação da parte elétrica de todo o parque através de um quadro que foi conectado na rede de distribuição sem nenhuma caixa disjuntora, sem nenhum relógio medidor. Normalmente, nós chamamos isso de gato. Foi feita uma instalação improvisada que coloca em risco a segurança de todas as pessoas que estiverem no parque”.

Donos serão indiciados
A delegada Adriana Belém afirmou que vai indiciar os donos do parque por homicídio doloso, quando há intenção de matar. A decisão de mudar o indiciamento de homicídio culposo para doloso veio depois que uma vistoria feita nesta manhã apontou diversas irregularidades no parque.



Fonte: O Globo


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