4 de novembro de 2014

Pesquisa de estudante baiana é selecionada em um programa da Universidade de Harvard




     


Fonte: G1
"Vou estar lá representando a comunidade", disse ao G1 a estudante  baiana Geórgia Gabriela da Silva Sampaio, selecionada em um programa da Universidade de Harvard que incentiva projetos inovadores de empreendedorismo social. Geórgia mora em Feira de Santana, cidade localizada a cem quilômetros de Salvador.
O objetivo da pesquisa da jovem é criar um método mais barato, por meio de exame de sangue, para diagnosticar a endometriose, doença caracterizada pela presença do endométrio, tecido que reveste o interior do útero, fora da cavidade uterina.

Segundo a estudante, a idéia da pesquisa surgiu quando uma tia foi diagnosticada com a doença e precisou retirar o útero. "Minha tia teve endometriose há três anos e precisou tirar o útero, e eu comecei a pesquisar porque uma outra tia minha apresentou características da doença e minha mãe também. Imaginei que fosse hereditário e comecei a pesquisar. Ligando um artigo a outro, vi que ela [a tia] só retirou o útero porque descobriu a doença muito tarde. Se ela soubesse antes, não precisaria fazer a cirurgia. Isso me motivou a desenvolver o método", explica.
Com a aprovação, Geórgia participará de uma conferência em Harvard e irá expor seu projeto para investidores de todo o mundo, além de conhecer a universidade. "Minha maior expectativa é dar continuidade ao projeto. Quero que se interessem. Cada um pode sair com um patrocinador ou mais. Espero sair com pelo menos um", diz Geórgia.
Antes de ser premiada no programa da universidade norte-americana, a jovem de 19 anos já se destacava nos estudos, tendo passado inclusive em quatro vestibulares. O primeiro ela fez quando ainda era do segundo ano do ensino médio, e passou em Engenharia Civil, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
"Quando terminei o terceiro ano, fiz outro vestibular para Engenharia Elétrica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No final do ano fiz novamente a prova da UEFS, mas escolhi Engenharia da Computação e Engenharia Eletrônica. Passei, mas meu sonho maior é estudar em Harvard", explica a estudante.
Ela conta que, apesar da família não ter muito dinheiro, conseguiu estudar sempre em colégios particulares, graças ao apelo dos pais junto às instituições de ensino que ela freqüentava. "Sempre gostei de estudar, e meus pais não tinham condições de pagar uma escola particular, então eles pediam bolsas para que eu pudesse freqüentar as aulas", conta.
Geórgia mora com os pais e a irmã de oito anos em um bairro popular de Feira de Santana, chamado 35° BI. Segundo o pai da menina, o comerciante Jorge Luiz, todos sentem falta de Geórgia por causa do tempo que ela dedica aos estudos. O comerciante conta que até os outros quatro filhos que ele teve em um casamento anterior, e que não moram com ele, "reclamam" por não verem a menina constantemente. Entretanto Jorge Luiz destaca que a caçula é a que sofre mais. "A pequena fica falando: 'poxa meu pai, ela estuda demais, estou com saudades dela'", relata.
Sidney da Silva, mãe de Geórgia, revelou que a dedicação é tanta, que uma vez ela passou o ano novo no quarto estudando. "Ano passado estávamos no réveillon em Salvador, e quando deu 23h40 chamamos ela: 'Vem minha filha, vai dar meia-noite'. Mas ela estava estudando e disse: 'Meia noite tem todo dia'", conta.
Para Jorge Luiz, todo tipo de esforço voltado para educação da filha é válido. "A gente entende que ela está estudando, e às vezes a gente sente falta, né? Se precisar, a gente troca um pouco da nossa felicidade pela dela. Colocamos as coisas em dez vezes no cartão, se a gente tem 30 dias de férias, tiramos só 10 para acompanhar ela", explica.
Contudo, para Geórgia, a dedicação aos estudos valeu à pena. A conquista da participação no programa da universidade americana deixou a jovem entusiasmada, já que ela sonha em conseguir uma vaga para estudar em Harvard. "Ainda não estou acreditando que aconteceu. Meu sonho maior é estudar em Harvard, e fora do Brasil posso fazer duas áreas ao mesmo tempo. Agora eu preciso fazer o processo de inscrição da universidade, que termina em 1° janeiro", revela.
Pesquisa
Foram 80 inscritos no programa "Village to Raise a Child", de Harvard, que busca identificar cinco jovens empreendedores que façam a diferença na comunidade em que vivem.
Puderam participar estudantes do ensino médio que tinham projetos em qualquer área, desde que contribuíssem para o desenvolvimento de sua região e buscassem solucionar problemas locais.
Além de Geórgia, outra brasileira também de 19 anos, do Rio Grande do Sul, e três estudantes do Nepal, Filipinas e Sri Lanka tiveram os projetos escolhidos pelo programa de Harvard.
A estudante conta que a pesquisa teve como base a leitura de artigos na internet e ajuda de um professor de biologia. Ela explica ainda que a produção dos textos passou por revisão de amigos. "Peço aos meus amigos para lerem e observarem se há erros. Preciso da ajuda deles também", conclui.


Nenhum comentário:

Postar um comentário