Texto e fotos: Arnold Coelho
Admito que sempre olhei com
certo preconceito o ballet. Hora por achar que é algo caro, burguês (e que foge
à nossa realidade) e muitas vezes por achar ser mais uma "simples frescura".
Nada como filhos (minha filha) para quebrar paradigmas e nos fazer enxergar
certas coisas por outro ângulo.
Quando minha filha Gabriela
viu pela primeira vez o ensaio da Tchu&Cia foi amor à primeira vista.
Gabriela ficou encantada e sempre que podia nos cobrava. Perdi a conta das
vezes que ela me disse que o sonho era fazer ballet. Cheguei a conseguir com
Charles Henri (o Dindo Charles, como ele o chama) uma bolsa de
estudos e nunca me interessei em colocá-la. Na verdade eu por vezes pensei mais
em mim e na economia da casa do que na realização de um dos muitos sonhos da
minha filha. Bem, a história é muito longa e não quero me alongar, por isso vou
direto ao ponto. Criei coragem e ouvi os apelos da minha esposa Fátima e Gabriela
e concordei em colocá-la nesse "bendito ballet"... rsrsrs.
Meses se passaram e muitas
idas e vindas até a Tchu&Cia, e, enfim chegou a semana de ensaios finais
com horas e mais horas de exaustivos ensaios. Ontem, sexta-feira, 12, saí de
casa (pra variar, atrasado) ouvindo as reclamações da minha filha, que pela
primeira vez resmungava que estávamos atrasados. Achei o máximo, pois ela é
quem sempre atrasa nossas saídas. Cheguei meio peixe fora d'água e de cara já
me encantei com toda a decoração e o glamour da festa.
Vou ter que admitir que
mudei minha forma de pensar e fiquei encantado com o que vi. Moíra Gaspar e sua
trupe me proporcionou uma noite de rara beleza. Ela conduziu de forma maestral,
com a regência de Cláudia Dórea, e as presenças de Pedro Pires (Ballet Bolshoi),
Felipe e Cosme, entre outros, um belíssimo espetáculo. Vocês podem até pensar:
esse cara está exagerando. Mas digo com pureza da alma que o que vi ontem foi
algo digno dos grandes espetáculos produzidos nas capitais. Por vezes me perguntei
se estava em Ibicaraí e como era possível uma estrutura tão pequena, como a
Tchu&Cia local produzir um show tão grandioso, com tantos componente e mais
de 30 danças, além das coreografias e uma enorme infinidade de belíssimas
fantasias?
Foram duas horas e meia de
pura emoção e orgulho, pois, indiretamente, eu e todos os outros pais ajudaram
no evento e minha filha e as demais bailarinas ajudaram de forma direta no
sucesso desse espetáculo. Já estou aqui vivendo a emoção da minha filhota e me
preparando para a segunda noite, sem nenhuma dúvida de que a noite de hoje será
um novo show.
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