24 de junho de 2013

Pais devem conversar com os filhos sobre o álcool



Texto: Adriana Teixeira  do blog De Mãe pra Mãe
Sinal de alerta: o álcool é a droga mais usada no Brasil, e seu consumo entre adolescentes de 12 a 15 anos, principalmente meninas, só aumenta.
Falar de bebida pode parecer muiiiiiiiito longe em um blog de maternidade? Infelizmente, não é! A propaganda da cerveja que mostra o cara bacana do futebol entra quase naturalmente na minha e na sua casa, e qualquer criança alfabetizada sabe soletrar e escrever o nome da loura gelada que patrocina shows, esportes e eventos. Mas esse não é um post pra demonizar a mídia, ok?

Eu queria era falar daquilo que precisamos conversar com nossos filhos sobre o assunto álcool. Pra começar que álcool não é um problema só dos alcoólatras. O álcool está no nosso dia a dia e é exatamente por conta disso que nos últimos 30 anos a Organização Mundial de Saúde (OMS) trabalha para acabar com o conceito antigo de que falar de álcool é papo pra "fulano que tem problema com bebida”. O álcool é um problema de TODOS NÓS. E mais ainda de nós pais, porque está comprovado que: o álcool é a primeira droga escolhida pelos adolescentes. A disponibilidade da bebida em casa é algo que contribui para isso e o que também, aposto, deixará muita gente passada.

Birita, grogue, esquenta são cada vez mais elementos presentes nas rodinhas de crianças (sim, são crianças!) a partir dos 12, 13 anos. Sair para beber com os amigos aos 16 então, é praxe! Sim, houve um reforço pra aumentar a fiscalização de supermercados e padarias em relação à venda de bebidas aos menores de 18 anos... pena que, como outras fiscalizações no Brasil, durou só o tempo da propaganda na televisão.
No fundo, ninguém acha que está fazendo algo errado em tomar uma latinha de cerveja. É o que ensinamos a eles, com nosso exemplo. No Brasil, existe lei para regulamentar a publicidade sobre o assunto (Lei n° 9294/1996 do art. 220 da Constituição Federal), que determina comercial de bebidas alcoólicas no rádio e televisão só entre 21h e 06h e sem associação do produto ao esporte. Mas a cerveja e a bebida ice ficam de fora dessa lei, porque têm teor alcoólico inferior a 13º GL. Ora, cervejas e bebidas ice têm apelo direto no adolescente! Portanto, nós, sociedade, estamos de acordo em vender a imagem de que esse é um tipo "menor" de vício.


E qual é o mal em um só gole? Não há um mal, mas VÁRIOS... De acordo com os pesquisadores do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), especialistas mundiais no assunto:
  • quanto mais jovem uma pessoa começa a beber, piores são os efeitos do álcool no cérebro;
  •  é 5 vezes maior a possibilidade de dependência em quem começa a beber antes dos 21 anos;
  • os adolescentes tendem a fazer uso de álcool de forma pesada, bebendo 5 ou mais doses de uma ocasião.

Converso sobre tudo isso com meus filhos. Claro, na linguagem deles e com cuidado de não fazer apologia. Não vou dizer que nunca nos viram bebendo, pois seria hipocrisia. Sabem que muitas vezes o álcool está associado a festas e comemorações e por isso tendem a ter a imagem "positiva" disso. Mas não brindam conosco, nem com seus copos de sucos e sabem o motivo da distinção: bebida é um território de adultos.  Sabem que existe o limite e o abuso em relação ao álcool, porque converso claramente com eles sobre riscos, danos e consequências. A informação é nossa aliada na educação dos filhos, e seria tão bom poder vê-la divulgada com o mesmo tratamento da propaganda, não acham?

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